A COVID-19 e a vacina...

Depois de vários meses de investigação, surgiu finalmente a vacina mais desejada deste século, mesmo para aqueles que diziam não acreditar no novo coronavírus. Aliás, ou muito engano, ou seriam os primeiros a chegar-se à frente. É sempre assim. A vacina chegou à Portugal e já ninguém queria levar a vacina, não, pelo menos, dos primeiros. Ninguém queria ser a cobaia. Eu próprio coloquei na página de Facebook deste blogue que não queria levar a vacina e que preferia gozar da imunidade de grupo. E logo surgiram comentários de pessoas a dizerem que eu estava a ser egoísta, ao querer que os outros levassem e eu não, e que oxalá que eu não precisasse e não tivesse. Não percebi. No início da pandemia, o antigo presidente da República, Ramalho Eanes, disse que doava o seu ventilador ao homem que tivesse mulher e filhos, mas ninguém o criticou. Muito pelo contrário. As pessoas comoveram-se e elogiaram-no bastante. No meu caso, não era um ventilador que eu estava a doar, mas era uma vacina que evitava a utilização de um ventilador. Na prática, era quase o mesmo. Além do mais, eu só estava a ser irónico e a exteriorizar aquele que era o pensamento de muita gente. Como é óbvio, se me chamarem, vou a correr levar a vacina. Eu sei muito como funcionam as vacinas e o que contêm lá dentro e, por isso, prefiro ser injetado com uma dose do vírus bastante enfraquecido ou morto do que levar com ele todo. Aliás, não só prefiro como acho que as vacinas deveriam ser obrigatórias. Não só a vacina da COVID-19, mas também todas as vacinas do Programa Nacional de Vacinação. Isto de se dar às pessoas o direito de escolher entre levar ou não levar vacinas e de poderem colocar a saúde pública em risco é só estúpido, até porque, na maioria dos casos, as pessoas escolhem pelos filhos e não por si próprias. Eu sei que isto pode parecer um pouco antidemocrático, mas quando se trata da saúde pública, não se pode vacilar. Eu não tenho nada contra o facto de haver pessoas que não querem ser vacinadas. Só acho que deveriam ir viver para a selva, socializar com os animais.

A vacina chegou a Portugal e qual foi a reação das pessoas que não querem levar a vacina? Que levassem eles, os profissionais de saúde, antes de a darem aos outros. Entretanto, os profissionais de saúde começaram a ser os primeiros vacinados e qual foi a reação das pessoas que não querem levar as vacinas? Que os profissionais de saúde não deveriam ter sido os primeiros, mas sim as pessoas que pertencem aos grupos de risco, que não elas, claro. Tendo em conta o protagonismo televisivo que se deu aos primeiros vacinados, eu até acho estranho que não se tenham chegado logo à frente, nem que fosse só para apresentarem as suas teorias da conspiração e fugirem com o rabo à seringa. E isto foi aquilo que mais confusão me fez com a chegada da vacina a Portugal: o mediatismo em torno das primeiras pessoas a levarem a vacina. Eu sou terrível de memória, mas acho que nunca mais me vou esquecee do nome da pessoa que levou a primeira vacina contra a COVID-19 em Portugal: António Sarmento, 65 anos, médico infeciologista, diretor do serviço de doenças infecciosas do Hospital de São João. Com uma pose “à Marcelo”, mas em muito melhor forma, António Sarmento já tem um lugar na história de Portugal. E na memória dos portugueses, claro, mas só pelo tronco nu. Depois disto, e de ainda ninguém ter morrido por causa da vacina, começaram os discursos de indignação em torno dos lucros das empresas da indústria farmacêutica, que deverão disparar com a venda das vacinas contra a COVID-19. É pá, se estão assim tão indignados com a possibilidade de os lucros das empresas da indústria farmacêutica dispararem, é simples: criem uma vacina e enriqueçam também. Claro que, para isso, terão de se instruir primeiro e, pelo que vejo, isso não será nada fácil...

Primeiro não acreditavam em nada disto da COVID-19. Era tudo invenção. Depois já acreditavam e queriam uma vacina com urgência. Entretanto, a vacina chegou, mas não queriam ser as “cobaias”. Os médicos que a levassem primeiro. Os profissionais de saúde começaram a levar a vacina e logo começaram a dizer que deviam ter começado pelas pessoas que pertencem aos grupos de risco. Entretanto, parece que as vacinas estão a ser um sucesso e agora o assunto é outro: os lucros das empresas da indústria farmacêutica, que deverão disparar com a venda das vacinas contra a COVID-19. Eu até nem sou de me chatear, mas já não há paciência para estas pessoas!

Renato Marques

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