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Não fique em casa!

No próximo dia 24 de janeiro realizam-se em Portugal eleições para a Presidência da República. Quer a campanha eleitoral, quer o ato eleitoral decorrerão num contexto de crise ampliada pelo Covid-19. Ao problema de saúde e aos desastrosos impactos económicos e sociais, que se agravarão nos próximos dias, somam-se todas as sequelas sociais e políticas que uma cultura do medo introduz nas nossas vidas.

Neste quadro, estarão as pessoas motivadas para ir votar?

Já temos ecos de cidadãos, agora que estão indicadas as pessoas que deverão estar nas mesas de voto, devido aos temores, a manifestarem relutância em se disponibilizar para a tarefa cívica do dia eleitoral. Conhecemos casos concretos de pessoas que afirmam abertamente não querer votar por medo de contacto com aglomerados de gente.

Existem compreensíveis receios que em nada favorecem a participação cívica e que não auguram nada de bom para as próximas eleições.

Como é que se poderá esperar predisposição participativa quando se repetiram, e reafirmam, apelos para ficar em casa? Quando ao longo de tanto tempo os governantes insistiram em orientações muito incisivas quanto à abstenção da sociabilidade, como é que poderão agora apelar à mobilização dos cidadãos para o grande envolvimento eleitoral? Depois da imposição pelo Estado “do recolher obrigatório”, poderá o Estado legitimamente esperar o pronto despertar da cidadania ativa?

Um problema político relevante é o do combate à abstenção eleitoral no próximo dia 24 de janeiro.

Num contexto completamente diferente, nas últimas eleições para a Presidência da República, em 2016, já se verificou um total de taxa de abstenção de 51,3%. Já se suscitam necessárias interrogações de natureza política quando a maioria dos portugueses se abstém de eleger o seu Presidente da República. Não que esteja em causa a plena legitimidade do eleito, mas porque está em causa a gradualidade de uma democracia e a vitalidade democrática.

Como é que sairemos do próximo dia eleitoral?

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