Crónicas

Estado crítico

Governos centrais paternalistas, que em tudo querem mandar e meter a unha e que nos carregam de impostos, acabam por tornar os seus cidadãos mais dependentes

Em Países mais desenvolvidos do que o nosso, onde o Estado liberal entrega aos seus cidadãos a máxima liberdade e lhes exige responsabilidade na mesma medida, é natural vermos uma sociedade que se auto responsabiliza pelos seus atos, pelas medidas que toma e pelas suas próprias atitudes, sejam elas boas ou más. Como dizia o dono de um restaurante de um País nórdico, “ninguém pediu este vírus, ninguém por cá tem culpa dele. Por isso não coloco as culpas no Governo, nem estou à espera que sejam eles a resolver todos os meus problemas. Vou sofrer como todos os outros e reerguer-me-ei.” Por cá as coisas não se passam desta forma. Governos centrais paternalistas, que em tudo querem mandar e meter a unha e que nos carregam de impostos, acabam por tornar os seus cidadãos mais dependentes. Habituados a serem mandados e direcionados. O que significa que os sinais que o Governo dá, estão intimamente ligados às atitudes mais responsáveis ou relaxadas das pessoas perante um problema.

No nosso caso, estamos a assistir a uma hecatombe de proporções ainda desconhecidas. O que foi feito por altura do Natal foi criminoso e mesmo as medidas que foram adoptadas a seguir, não mostram às pessoas a real dimensão do problema. Dão a percepção errada! Não dão o exemplo. E as pessoas que não estão habituadas a tomar decisões sozinhas, não lhes conferem a devida importância. É por isso, altura mais do que nunca, de puxarmos da nossa responsabilidade, do nosso dever cívico, da urbanidade que dizemos ter, para sermos, cada um de nós, verdadeiros combatentes nesta batalha. A situação é dramática, os hospitais estão lotados, alguns já acima da sua capacidade. Estamos no limite da testagem e se o Governo central entrou em desgoverno, é tempo das pessoas perceberem que isto só melhora, quando tivermos a consciência de que assistiremos nos próximos dias a um cenário absolutamente descontrolado e só as nossas atitudes impedirão, o assistir de perdas ainda maiores nas nossas famílias, nos nossos amigos, no nosso local de trabalho ou na nossa comunidade.

Portugal encontra-se, neste momento enquanto País, em estado crítico, mas parece que ainda há quem não queira ver. Mantemos umas eleições, com campanhas cheias de maus exemplos e sem sequer conseguirmos organizar decentemente, uma tranquila ida às urnas. Apelamos ao confinamento e alimentamos filas intermináveis nos locais de voto. Vemos os hospitais à beira da ruptura e filas de ambulâncias à porta das urgências, mas continuamos com as escolas abertas onde já existem mais de 40 mil alunos isolados, submetendo os professores a um risco tremendo e as famílias sujeitas a uma autêntica lotaria, quando os mesmos regressam a casa. Quando podiam perfeitamente articular o restante confinamento coletivo, adaptando as férias escolares para esta altura, antecipando assim a Páscoa. O problema não está sequer nas aulas, mas sim pelo que a ida à escola proporciona. Não é difícil de ver por aí grupos de alunos sem distância, com as máscaras no queixo e sem atentar minimamente às regras.

Nós não precisamos de inventar nada. Já vamos na segunda vaga. Podíamos ter aprendido alguma coisa. Sabemos que é limitando os contactos, é a cumprir todas as regras de higiene, como a lavagem das mãos ou o uso da máscara e saíndo de casa só quando a nossa saída é absolutamente inadiável, que conseguimos diminuir esta pressão que inconscientemente estamos a exercer sobre os nossos profissionais de saúde. Tivemos o exemplo de Macau, ou a nossa Madeira, que soube reagir a tempo. Fechar tudo mais cedo não significa sufocar a economia. Significa também abrir mais cedo, mas com menos danos colaterais. Por isso, já que temos a infelicidade de contar com um Governo central incompetente, que preferiu a propaganda e o populismo ao invés do planeamento e da antecipação de cenários, a nossa única hipótese é de pensarmos em nós, nos que nos rodeiam e nos que mesmo não conhecendo, fazem parte das nossas vidas. Não queiram perder ( mais ) ninguém para este vírus. Desconfiem de tudo e todos. O Covid não tem rosto. Evitem os contactos e mantenham-se em segurança.

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