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Os desconfinados da Zona Franca da Madeira

Fanáticos esclarecidos; negacionistas imberbes; oportunistas erráticos formam os 3 grupos

Se a luta contra o COVID nos tem remetido ao confinamento, a batalha pela sobrevivência da ZFM tem “desconfinado” os inimigos da mesma. Note-se que não considero “inimigos da ZFM” aqueles que, de forma fundamentada, discordam do respectivo modelo de desenvolvimento económico, bem como que defendem que existem alternativas mais benéficas para a RAM e apresentam as mesmas.

Neste contexto, e considerando os seus traços distintivos e os seus verdadeiros propósitos, os inimigos da ZFM podem ser reconduzidos a 3 grupos.

Em primeiro lugar, os “fanáticos esclarecidos”, que são aqueles que estão bem cientes quer dos benefícios e fundamentos da ZFM, quer dos prejuízos que adviriam do seu desaparecimento, mas que, movidos por motivos ideológicos, ou ódios de estimação, pretendem acabar com a mesma, custe o que custar.

Desta forma, os membros deste grupo guiam-se, por um lado, pelo amor ao regime Venezuelano, à economia de paróquia e/ou à pobreza generalizada, e, por outro, pelo ódio à iniciativa e aos lucros privados, à própria Madeira e/ou a certas personalidades/entidades.

O segundo grupo é o dos “negacionistas imberbes”, que é composto por aqueles que são declaradamente contra a ZFM, mas não percebem o que está em causa, nem querem perceber, sendo inimigos de ouvir dizer, por palpite, ou por adesão a teorias da conspiração.

Em regra, não sabem o que significa pagar impostos, desenvolver qualquer actividade produtiva e/ou criar riqueza, julgando que o dinheiro nasce nas árvores e no multibanco, ou é gerado pelo Estado, e que os empresários são todos uns malandros.

Também se incluem neste grupo os que (i) afirmam que não encontram os trabalhadores do Centro Internacional de Negócios ou do Registo Internacional de Navios a tomar chinesas nos cafés do Funchal, (ii) julgam que a ZFM se esgota numa área delimitada no Caniçal, (iii) pensam que o seu regime fiscal é dirigido às empresas/empresários regionais e/ou (iv) acusam que a mesma determinou a perda de receitas fiscais para a RAM, ou de fundos a que esta teria direito.

Ou seja, este grupo alberga quer aqueles que desconhecem o contexto da economia e da fiscalidade internacional, quer os que pensam que a Madeira é o centro do mundo, bastando-se com a condição de ilhéus e de subsidiodependência.

Por último, temos os “oportunistas erráticos.” Estes são mais os difíceis de desconfinar, pois, em regra, nunca assumem ser contra a ZFM e até se declaram defensores da mesma (mas nunca se chegam à frente), esperando apenas pelo momento ideal para se colarem ao lado certo (seja ele qual for), para recolherem dividendos políticos, económicos e/ou profissionais.

No entanto, e porque as máscaras não tapam a cara toda, as cadeias de transmissão acabam por se revelar. Em concreto, os sintomas que permitem detectar estes inimigos são afirmações como “não concordo com paraísos fiscais, mas se outros têm, a Madeira também deve ter”, ou “a ZFM é vantajosa, mas a culpa da situação em que a mesma se encontra é do Governo Regional, da SDM e dos prevaricadores que não ouviram a Comissão Europeia.”

Assim, a estratégia deste grupo, que, no fundo, apenas defende os seus interesses próprios, assenta, por um lado, na ocultação quer do estatuto e dos direitos da RAM como região ultraperiférica, quer da natureza meramente administrativa das decisões da Comissão Europeia, que “não são lei”, nem, necessariamente, isentas, e podem/devem ser sindicadas pelos Tribunais.

Dito isto, e identificados os “grupos de contágio”, protejam-se!!

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