Madeira

Sem surpresa

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Boa noite!

Sem surpresa, Marcelo Rebelo de Sousa anunciou hoje a recandidatura à Presidência da República. Desfeito o desnecessário suspense numa pastelaria de Belém, fica a certeza que tanto o actual Chefe de Estado como os restantes aspirantes a inquilinos do Palácio têm tarefa ingrata pela frente: combater uma abstenção nunca vista. Mas o que poderá levar os eleitores a votar em massa, numa altura em que estão mais preocupados com a pandemia galopante e com a vacina prometida?

A saúde da democracia é um bom propósito, mas não chega, sobretudo numa era em que ninguém dá apoios sem contrapartidas, nem votos sem fazer o choradinho habitual ou a chantagem que visa obter dividendos noutros palcos.

Não se admirem portanto que os apoios a Marcelo oriundos da coligação no poder na Madeira recorram a tamanho expediente. Está-lhes no sangue.

Sem surpresa, não fosse Marcelo comentador diário incorrigível, o ainda Presidente anunciou que haverá novos conteúdos nos serões televisivos no Portugal confinado. “Há muito tempo eu defendo que deve haver debates frente a frente com todos os candidatos, e assim farei”, garantiu. Que outros candidatos de outras eleições saibam seguir-lhe o exemplo.

Sem surpresa, argumentou que se recandidata porque não foge às responsabilidades, acrescidas neste tempo de pandemia: “Não vou sair a meio de uma caminhada exigente e penosa, não vou fugir às minhas responsabilidades, não vou trocar o que todos sabemos irem ser as adversidades e as impopularidades de amanhã pelo comodismo pessoal ou familiar de hoje. Porque, tal como há cinco anos, cumpro um dever de consciência". Se o momento fosse de esplendor e glória nacional desconfiamos que tal também seria usado como justificação para submeter-se novamente a sufrágio. Ou seja, Marcelo volta à corrida eleitoral porque manifesta e legitimamente gosta do que faz, e é esse conjunto formado por discursos calculistas, aparições contínuas, afectos aparatosos, telefonemas inesperados e selfies desmedidas que também vai a votos.

Com tanta previsibilidade, o tabu revelou-se fastidioso, uma espécie de pastel com calorias a mais.

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