Não é sonho! Será Natal?

Sonhava, no seu bestunto, o Barra que era forte:

Podia vencer o pobre, o fraco e o faminto da rua;

E até tirar a prata e ouro dos ricos, se tem sorte;

Era habilidoso, para manhas e toda a falcatrua.

Olhava à volta, via muitos como ele, traiçoeiros;

Fingiam justiça e bem-fazer, amigos de toda a gente;

Mas, aos milhares, eram ladrões, ricos e trapaceiros,

Nada os detinha, se havia negócio, pela frente.

Sonho mau ou pesadelo? Se perguntava o povo

Que sofria tempos de miséria e esperança a morrer.

Ouviam vozes e promessas de justiça e verdade

Que vinham de longe, de além montes e estrelas,

Como sol que iria apagar as noites escuras e alvorecer.

Seria um rei justo que estenderia império novo

A todos os que aceitassem a sua claridade.

Poderes orgulhosos, falsos donos do planeta,

Sonham, acordados, em Belém, Jerusalém e além

Ontem e hoje, tramar artimanhas para o vender,

Ao Menino, aos pobres, aos mares e terras de pão

E serem eles os deuses-Barra, pesadelo e ansiedade.

Tanto progresso, tanta riqueza, por poucos ferrolhada!

Tanto engano, tanta miséria, por miríades sofrida:

Esperança será pesadelo e sonho mau, feito nada?

Ou advirá, em dois mil anos, de Deus em nossa vida?

Apesar do pesadelo do coronavírus assassino,

A matar e roubar esperança de festa do Natal;

A festa será o advento da sempre Sua nova chegada.

Se em Belém, Jerusalém, em cada tocar do sino,

Há leilão de vida e de morte, com Barra entre a multidão;

Neste, não é sonho, o Menino vem dar plena vida e coração.

Aires Gameiro

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