Mundo

China quer impedir uso de mecanismo que permite evitar censura do regime na Internet

O uso de VPN (Virtual Proxy Network) permite usar servidor além-fronteiras e se proibido pode dificultar as operações das empresas estrangeiras no país

Foto REUTERS/Jason Lee/Arquivo
Foto REUTERS/Jason Lee/Arquivo

A China quer impedir o uso de VPN (Virtual Proxy Network), mecanismo que permite aceder à Internet através de um servidor localizado além-fronteiras, dificultando as operações das empresas estrangeiras no país.

Numa carta enviada a clientes corporativos, citada pela agência Associated Press, o maior fornecedor de acesso à Internet do país diz que o uso de VPN será apenas permitido para ligar à sede da empresa no estrangeiro.

Aquele sistema cria ligações criptografadas entre computadores e pode ser usado para abrir portais bloqueados pela censura chinesa.

A letra enviada pela estatal China Telecom Ltd. diz que os utilizadores de VPN vão ser impedidos de aceder a portais fora da China.

‘Sites’ como o Facebook, Youtube e Google ou ferramentas como o Dropbox e o WeTransfer estão bloqueados na China. As versões eletrónicas de órgãos de comunicação como o The New York Times ou o Economist também estão censurados.

A carta repete um anúncio feito em janeiro de que apenas VPN autorizadas pelas autoridades chinesas serão permitidas. A mensagem suscitou receios de possível fuga de segredos comerciais ou informação, entre empresas que questionam a fiabilidade dos serviços encriptados chineses e a possibilidade de as autoridades acederem às suas mensagens.

Os reguladores anunciaram em janeiro uma campanha para erradicar o uso de VPN usadas para contornar a censura do regime.

A medida reflete a visão do Presidente chinês, Xi Jinping, de “soberania do espaço cibernético” ou o direito de Pequim em limitar a atividade dos seus cidadãos ‘online’.

O controlo sobre a informação é especialmente sensível este ano, já que no outono vai decorrer o congresso do Partido Comunista Chinês (PCC), o mais importante acontecimento da agenda política chinesa, que se realiza de cinco em cinco anos.

Esta semana, o regulador municipal de Pequim para a Internet anunciou que pediu aos operadores de portais, incluindo o Baidu e a Tencent, para que removem material que “distorça a história da China e do Partido” e “promovam valores anormais”.

Pequim tem repetidamente pressionado empresas estrangeiras para que disponibilizem tecnologia, conhecimento encriptado e outros segredos comerciais, em troca de acesso ao seu mercado.

As empresas a operar na China apontam o controlo da Internet como um dos maiores obstáculos às suas operações no país.