Bósnia vai recorrer de decisão da ONU que ilibou Sérvia de genocídio
As autoridades bósnias vão pedir ao Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), principal órgão judicial da ONU, para rever a decisão de 2007 que ilibou a Sérvia de genocídio durante a guerra na Bósnia (1992-95).
Bakir Izetbegovic, o elemento muçulmano bósnio da Presidência tripartida do país, anunciou hoje que o pedido será apresentado antes de 26 de fevereiro, data em que termina o prazo para recorrer da decisão.
O recurso avançará apesar da ausência de consentimento dos seus parceiros croata e sérvio na Presidência, uma decisão que se receia possa mergulhar a Bósnia numa crise política, com os deputados sérvios-bósnios a planearem boicotar a atividade parlamentar para manifestar a sua oposição.
Não obstante, Izetbegovic insiste que não é necessária nova aprovação, cabendo ao representante legal da Bósnia no caso simplesmente entregar um pedido de recurso.
A Bósnia processou a vizinha Sérvia junto do Tribunal Internacional de Justiça em 1993, acusando-a de apoio político e militar ao esforço de guerra dos sérvios bósnios.
Em 2007, o tribunal das Nações Unidas considerou que o massacre de 8.000 muçulmanos, perpetrado por sérvios-bósnios na cidade bósnia de Srebrenica, em 1995, foi genocídio, mas ilibou a Sérvia de qualquer responsabilidade em tais atos, declarando apenas que esta tinha falhado ao não impedir a carnificina.
O massacre de Srebrenica foi o maior assassínio em massa ocorrido na Europa desde a Segunda Guerra Mundial e o mais sangrento episódio da guerra na Bósnia, que fez 100.000 mortos.