Madeira

Campanha SOS Cagarro estende-se à Madeira e às Canárias

A campanha açoriana servirá de exemplo para protecção de aves marinhas na Macaronésia

O anúncio foi feito na sexta-feira à noite, na ilha do Faial, pelo director regional dos Assuntos do Mar, Filipe Porteiro. FOTO Lusa
O anúncio foi feito na sexta-feira à noite, na ilha do Faial, pelo director regional dos Assuntos do Mar, Filipe Porteiro. FOTO Lusa

A campanha SOS Cagarro, a maior e mais antiga campanha de conservação ambiental dos Açores, vai servir de exemplo a um outro projecto de protecção de aves marinhas, que abrange as ilhas da Macaronésia (Açores, Madeira e Canárias).

O anúncio foi feito na sexta-feira à noite, na ilha do Faial, pelo director regional dos Assuntos do Mar, Filipe Porteiro, durante a apresentação do projecto, denominado “LuMinAves”, e que pretende reduzir os efeitos da iluminação artificial sobre as populações de aves marinhas nos três arquipélagos.

“Este projecto visa diminuir os impactos da poluição luminosa sobre as aves marinhas da Macaronésia, nomeadamente o cagarro e outras aves similares (Procellariformes)”, explicou Filipe Porteiro, adiantando que esta campanha “centra-se na conservação de espécies de aves marinhas ameaçadas”.

A maioria destas aves nidifica nas ilhas e ilhéus dos três arquipélagos, tanto em áreas protegidas da Rede Natura 2000, como em outras que carecem de protecção adicional, relativamente ao impacto da poluição luminosa, como é o caso de núcleos turísticos, residenciais ou industriais.

“O LuMinAves assenta em três grandes eixos: melhorar o conhecimento e avaliar o estado de conservação das aves; melhorar o sistema de resgate e recuperação de aves desorientadas pelos efeitos da iluminação artificial; e reduzir o impacto da poluição luminosa sobre as aves”, explicou o diretor regional dos Assuntos do Mar.

Este projecto tem a coordenação da SEO/BirdLife (Sociedad Espanola de Ornitologia), e conta como parceiros o Consejo Superior de Investigaciones Científicas - Estación Biológica de Doñana (CSIC-EBD), a Associação Amigos das Pardelas (Canárias), a Direção Regional dos Assuntos do Mar (DRAM - Açores), o Fundo Regional de Ciência e Tecnologia (FRCT, Açores), a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA -- Açores e Madeira) e o Parque Natural da Madeira.

No âmbito do LuMiAves, a Direcção Regional dos Assuntos do Mar irá coordenar a implementação de um “sistema comum e uniformizado”, de resgate, salvamento e valorização das aves marinhas afectadas pela poluição luminosa, não apenas nos Açores, mas também na Madeira e nas Canárias, utilizando como referência a campanha SOS Cagarro.

“Implementaremos uma base de dados transversal às três regiões para o registo de informação sobre as aves marinhas afectadas, contribuiremos para melhorar a rede de recolha destas aves marinhas e aperfeiçoaremos as estratégias de informação e sensibilização pública para o fenómeno”, adiantou Filipe Porteiro.

A Campanha SOS Cagarro, criada em 1995, pretende sensibilizar a população dos Açores, para a protecção dos cagarros juvenis, que durante os meses de outubro e novembro começam a abandonar os seus ninhos, mas que acabam por cair em terra, desorientados com a iluminação nocturna.

“Por essa razão, neste período do ano, dezenas de brigadas percorrem as estradas dos Açores resgatando cagarros caídos que são posteriormente libertados durante o dia junto ao mar, depois de anilhados, onde iniciam a sua primeira grande migração anual para os mares do Atlântico Sul ou para as zonas produtivas do Atlântico Noroeste”, pode ler-se nos folhetos distribuídos durante a campanha.

A BirdLife International refere que os Açores acolhem todos os anos cerca de 200 mil casais de cagarros (Calonectris borealis), que usam as ilhas do arquipélago, entre abril e outubro, para se reproduzirem.