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Caldas da Rainha envolve parque e mata em projecto ambiental inclusivo

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Uma união de freguesias e um centro de educação especial lançaram, nas Caldas da Rainha, um projecto ambiental inclusivo envolvendo pessoas com deficiência no aproveitamento de resíduos do parque e da mata para fabrico de fertilizantes e lenha.

O projecto denominado “Produtos da Mata” assenta “numa vertente ecológica, de aproveitamento dos resíduos da limpeza do parque e da mata” mas, também, segundo o presidente da União de Freguesias de Nossa Senhora do Pópulo, Coto e São Gregório, Vítor Marques, “numa preocupação social visando a inclusão de pessoas com deficiência”.

Na prática, a parceria entre a união de freguesias e o Centro de Educação Especial Rainha Dona Leonor (CEERDL), ambos do concelho das Caldas da Rainha, no distrito de Leiria, resulta na transformação “dos resíduos do parque [D. Carlos I] e da mata [Rainha D. Leonor], resultantes das podas da árvores e da limpeza dos troncos caídos, em fertilizante orgânico e em lenha que, a partir de agora, será vendido à população em geral”, disse o autarca à agência Lusa.

A manutenção do parque e da mata é uma responsabilidade da união de freguesias, que delegou no CEERDL a limpeza daqueles espaços, através de dois protocolos.

A junta paga ao centro um valor mensal de 1.200 euros para a limpeza da mata e de 2.200 euros para a manutenção do parque, sendo a tarefa “desenvolvida em contexto de formação, por alunos com incapacidades” e que, assim, “beneficiam de uma maior inclusão”, explicou Vítor Marques.

Os resíduos recolhidos pelos formandos eram já “tratados em processos de compostagem e utilizados nos espaços verdes públicos”.

Mas, acrescentou o autarca, “agora passaram a ser embalados e vendidos ao público”.

Tudo porque os alunos do CEERDL ganharam um prémio “Fidelidade Comunidade”, no valor de 5.000 euros, que lhes permitiu adquirir maquinaria para rachar e ensacar o fertilizante e a lenha que vai ser vendida coma designação “Produtos da Mata”.

A Coagrical -- Cooperativa Agrícola do Concelho das Caldas da Rainha “dispôs-se a colaborar, vendendo os produtos ao público”, disse Vítor Marques, adiantando que “as receitas que forem obtidas vão ser reinvestidas no parque e na mata”.

A par, a união de freguesias vai lançar um novo projecto de aproveitamento da madeira colhida no parque e na mata, mas este “numa vertente mais artística”, acrescentou o presidente.

A junta viu aprovada uma candidatura ao fundo ambiental, no âmbito da qual irá receber um apoio de 20 mil euros para a criação de uma carpintaria onde artesãos, artistas locais e alunos da Escola Superior de Arte e Design (ESAD) das Caldas da Rainha “serão desafiados a criar peças artísticas e mobiliário urbano”, adiantou o autarca.

A “sinalética, bancos e esculturas” criadas serão, “numa primeira fase, colocadas na mata” e, posteriormente, instaladas no parque.

O parque e a mata integram o património termal cedido pelo Estado à câmara das Caldas da Rainha, em dezembro de 2015.

A cedência do património termal para a gestão da autarquia implicava a recuperação do hospital termal e a manutenção do parque [onde se localizam os pavilhões centenários que vão ser transformados em hotel] e da mata [onde se localizam as captações de água termal].

A manutenção destes dois espaços foi delegada na união de freguesias mediante a transferência anual de uma verba de 200 mil euros.