DNOTICIAS.PT
Madeira

Raimundo Quintal diz que Laurissilva arrisca perder 'selo' da UNESCO

Foto Arquivo/Helder Santos/Aspress
Foto Arquivo/Helder Santos/Aspress

Com o título "O avanço das plantas invasoras na Laurissilva é assustador", o geógrafo e botânico Raimundo Quintal, alerta para o risco de a floresta nativa da Madeira perder, no futuro, a classificação de património natural da humanidade, atribuído pela UNESCO em 1999, muito por culpa da falta de cumprimento do acordado com a instituição mundial.

Num dos habituais posts no Facebook, Raimundo Quintal salienta que "o avanço das espécies de plantas invasoras na Laurissilva é assustador", listando-as: "Bananilha (Hedychium gardnerianum), incenseiro (Pittosporum undulatum), tabaqueira (Solanum mauritianum), vinagreira (Phytolacca americana), maracujá-banana (Passiflora tripartita var. mollissima), abundância (Ageratina adenophora), falsa-abundância (Ageratina riparia), acácias (Acacia mearnsii, Acacia melanoxylon, Acacia dealbata, Acacia longifolia), eucalipto (Eucalyptus globulus), bordo (Acer pseudoplatanus), cana-vieira (Arundo donax), brincos-de-princesa (Fuchsia boliviana, Fuchsia magellanica), feto-arbóreo (Sphaeropteris cooperi), margacinha ou intrometidas (Erigeron karvinskianus), hastes-de-são-lourenço ou mombrécias (Crocosmia x crocosmiflora), carqueja ou tojo (Ulex europaeus) e giestas (Cytisus scoparius e Cytisus striatus)."

E aponta que "o crescimento das populações" dessas espécies citadas "é menos mediático que a poluição provocada pela invasão de turistas e residentes na Laurissilva, mas é mais preocupante porque as estratégias para travar e inverter o avanço das plantas exóticas exigem uma mobilização de meios humanos e de equipamentos muito, mas muito, superior aos exercícios pontuais até agora realizados", critica.

E continua: "As fotografias com que ilustro esta reflexão não são de São Miguel, onde a conteira (bananilha) e a árvore-do-incenso ou incenseiro se instalaram de forma irreversível nas linhas de água e nos interflúvios. São de áreas da nossa Laurissilva, que deveria estar imaculada, de forma a manter a sua classificação como Património Natural da Humanidade, galardão atribuído pela UNESCO em Dezembro de 1999, com o compromisso assumido pelo Governo Regional de colocar um travão nas ameaças que então já eram perceptíveis."

Raimundo Quintal, que é uma das vozes mais respeitadas nesta matéria, frisa que "o travão pouco foi utilizado e o acelerador está descontrolado", insistindo que "alheios à invasão silenciosa, que pode desencadear a desclassificação da Laurissilva como Património Mundial, governantes e autarcas continuam a prometer plantação de alcatrão na floresta indígena e a Madeira como destino de golfe", termina.