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Crónicas

Não há dia sem noite

Como em tudo na nossa sociedade, estes espaços devem estar sujeitos a regras que sejam claras e iguais para todos, assegurando o bem comum mas também a possibilidade de existência dos mesmos

Os ciclos completam-se. O dia nasce após a noite e a noite aparece quando o dia se vai embora. É assim que catalogamos o tempo. São ou devem ser complementares. Fazem parte do mesmo. Por muito que certas pessoas (que tudo gostam de impor) gostassem que fossemos todos para a caminha cedo, cada um sabe de si e o que faz a que horas quiser. Se uma sociedade precisa de regras para definir limites e o respeito entre todos, também precisa da liberdade individual de escolha para decidirmos o que nos apetece fazer a cada momento. Já bem bastam os constrangimentos profissionais e pessoais que por vezes não nos permitem ter a vida que gostaríamos de ter. Dessa forma, considero super importante que cada comunidade saiba promover e apoiar o entretenimento, os movimentos culturais e a animação noturna. Até porque, como vimos por altura do COVID, não são as proibições que impedem alguns de se continuar a juntar, muitas vezes em condições precárias, sem a segurança necessária nem as regras de higiene exigíveis em casos deste género.

Como em tudo na nossa sociedade, estes espaços devem estar sujeitos a regras que sejam claras e iguais para todos, assegurando o bem comum mas também a possibilidade de existência dos mesmos. Não me parece lógico licenciar um bar com horários que interfiram no descanso de alguém numa zona residencial, como também me parece injusto limitar restaurantes, bares ou discotecas que existem há anos e que promovem o bem estar e a segurança só porque alguém decide ir viver para cima deles sabendo da sua existência. Num país com uma forte vocação para o Turismo e que dele depende em larga medida, seja direta ou indiretamente, é fundamental que saibamos coexistir com respeito e que consigamos criar condições para que os que cá vivem possam levar a sua vida com tranquilidade mas que também exista vontade e possibilidade de protegermos e alimentarmos as ofertas que temos de qualidade, seja na restauração ou na animação, um teatro um cinema ou um bar. Porque quem nos procura, quer uma oferta diversificada de qualidade e a possibilidade de escolha sobre o que fazer.

Quando alguém escolhe um destino para as suas férias, escolhe-o seguindo variáveis específicas, quantas mais conseguirmos albergar mais perto estaremos de satisfazer e de aumentar a procura, mas sobretudo a valorização da mesma. Apoiar os casos de sucesso que temos nas nossas localidades é também trabalhar para que o nosso sucesso e a nossa condição financeira possa crescer. Não é a acabar com tudo porque vivemos certas coisas e estamos noutra ou porque temos interesses pessoais que colidem com algo que devemos reger as nossas opções e a nossa voz. Pode e deve haver espaço para todos, para quem cá vive, para quem à custa de muito esforço quer fazer crescer o seu negócio e para quem nos quer visitar e deixar cá o seu dinheiro que contribui para um incremento da nossa qualidade de vida.

Eu, por consequência do momento da minha vida e da idade a avançar, prefiro escolher os momentos em que o dia se torna noite para relaxar e beber um copo. Aquele final de tarde com um pôr-do-sol lindíssimo como temos tantos no nosso país. Apreciar a luz única e divertir-me mais cedo para mais cedo acordar no dia seguinte. Isso não faz com que queira terminar com tudo o que não consuma, sem qualquer respeito pelos outros. O entretenimento noturno está a mudar, os registos vão-se alterando e os gostos também. Mas não tentem acabar com o conceito de sair à noite ou de beber um copo e não o tentem atingir por ser um alvo fácil. Infelizmente quando é para deixar cair alguma coisa a balança cai sempre contra a noite. Mas nem tudo o que é noite é mau, nem o entretenimento tem que ser obrigatoriamente nocivo. Deve sim, como disse no início ser regrado e os bons espaços e conteúdos serem aproveitados para que quem dele queira usufruir, o possa fazer nas melhores condições possíveis.

Esta semana, pudemos assistir à serie “o Arquiteto” na TVI, que retrata de forma ficcional mas com uma base inspirada em factos verídicos, um caso que abalou a sociedade portuguesa no fim dos anos 80. Ver o que se passou e transportar aqueles atos para a realidade, deixa um sentimento de angústia mas acima de tudo a certeza do tanto que devemos fazer para combater a violência doméstica e os abusos.

Os membros da flotilha dos unicórnios rejeitou este sábado entregar a ajuda humanitária destinada a Gaza após sugestão feita pelo governo italiano. Mais uma prova do circo que foi montado e das verdadeiras intenções desta gente que parece mais preocupada num remake (em mau) do Love Boat do que realmente em ajudar as pessoas.