PSD derrotado no Funchal pela primeira vez em 2013 regressou com maioria absoluta em 2021
O município do Funchal, na Madeira, foi governado pelo PSD com maioria absoluta até 2013, ano em que uma coligação liderada pelo PS quebrou o ciclo de vitórias, mantendo-se na presidência até ao regresso dos sociais-democratas em 2021.
No decurso do regime democrático, desde 1974, houve três presidentes da Câmara Municipal do Funchal que se destacaram pelo seu desempenho e popularidade: Virgílio Pereira (1974-1982, 1993-1994), Miguel Albuquerque (1994-2013) e Paulo Cafôfo (2013-2019).
Paulo Cafôfo, que se candidatou como independente apoiado pelo PS, marcou a política regional ao ganhar duas eleições autárquicas consecutivas, assinalando as primeiras derrotas dos sociais-democratas no concelho mais relevante da Região Autónoma da Madeira, composta por 11 municípios.
Venceu em 2013 pela coligação Mudança (PS/BE/PND/MPT/PTP/PAN) e em 2017 com a coligação Confiança (PS/BE/JPP/PDR/Nós, Cidadãos!), mas foi substituído por Miguel Silva Gouveia em 2019, ano em que se filiou no PS e encabeçou a lista do partido às eleições regionais, obtendo a maior vitória de sempre dos socialistas madeirenses ao eleger 19 deputados num total de 47 que compõem o parlamento regional.
Já nos primeiros oito anos do regime democrático, o professor Virgílio Pereira destacou-se como um dos autarcas mais populares na região autónoma e, após 11 anos afastado da gestão camarária, regressou à presidência da Câmara do Funchal em 1993, mas foi substituído no ano seguinte por Miguel Albuquerque, que se manteve à frente do executivo durante 19 anos.
O desempenho de Albuquerque no município catapultou-o para a liderança do PSD/Madeira, em 2014, e depois para a presidência do Governo Regional, em 2015, cargo que desempenha desde então.
As eleições autárquicas de 2013 sinalizaram o pior resultado eleitoral dos social-democratas no arquipélago, que perderam sete dos 11 municípios, e evidenciaram o declínio da governação do histórico Alberto João Jardim, líder da estrutura partidária e do executivo regional entre 1976 e 2015.
Nas autárquicas de 2021, o PSD e o CDS-PP concorreram coligados no Funchal e recuperaram a maioria absoluta no executivo e na Assembleia Municipal, ganhando também a presidência de nove das 10 freguesias que compõem o concelho, o mais populoso do arquipélago, com 108.129 habitantes (dados oficiais referentes a 2024), de um total de 256.622 na região.
Este executivo sofreu, no entanto, um profundo abalo em janeiro de 2024, quando o presidente Pedro Calado, que antes tinha desempenhado a função de vice-presidente do Governo Regional, foi constituído arguido no âmbito de uma megaoperação judicial na Madeira, por suspeitas de corrupção, branqueamento e prevaricação, tendo renunciado ao cargo.
A vice-presidente da autarquia, a independente Cristina Pedra, assumiu então a liderança do executivo, composto por seis vereadores da coligação PSD/CDS-PP e cinco sem pelouro da coligação Confiança.
O concelho do Funchal ocupa uma superfície de 76,22 quilómetros quadrados, de acordo com Direção Regional de Estatística da Madeira, e é o mais dinâmico da região autónoma em termos socioculturais e económicos, com destaque para os serviços, construção e turismo, um dos setores mais importantes do arquipélago.
Dados referentes ao 2.º trimestre de 2025, por exemplo, indicam que o município concentrou 57,0% das dormidas na região, totalizando cerca de 1,9 milhões.
Nas eleições 12 de outubro, 14 forças políticas concorrem à Câmara do Funchal: Nova Direita (cabeça de lista Paulo Azevedo), PAN (Mónica Freitas), Livre (Marta Sofia), RIR (Liana Reis), Chega (Filipe Santos), PS (Rui Caetano), ADN (Miguel Pita), JPP (Fátima Aveiro), PTP (Raquel Coelho), MPT (Válter Rodrigues), coligação PSD/CDS-PP (Jorge Carvalho), CDU (Ricardo Lume), IL (Sara Jardim) e BE (Dina Letra).