Von der Leyen faz hoje quinto discurso do Estado da União e primeiro do novo mandato
A presidente da Comissão Europeia faz hoje o seu quinto discurso sobre o Estado da União e o primeiro do novo mandato, quando enfrenta críticas pela postura passiva sobre Gaza e desequilíbrio no acordo com os Estados Unidos.
Cerca das 08:00 (hora de Lisboa), Ursula von der Leyen vai iniciar o seu discurso anual de pouco mais de uma hora, na sessão plenária na cidade francesa de Estrasburgo, no qual apresentará a sua visão sobre o estado atual da União Europeia (UE) e as suas respostas aos desafios, mas também se defenderá das críticas de que é alvo.
Previsto está que a política alemã de centro-direita aborde a débil situação humanitária em Gaza devido à ofensiva israelita, após ter sido muito criticada por não o fazer e ser próxima a Israel, bem como a guerra da Ucrânia causada pela invasão russa, mencionando nomeadamente o novo pacote de sanções à Rússia, que será o 19.º.
É esperado que Ursula von der Leyen apresente o também prometido roteiro para alcançar a prontidão da defesa comum da UE até 2030 e apele a mais despesas dos países em segurança.
Além disso, este discurso surge pouco depois de a presidente da Comissão Europeia ter concluído um polémico acordo comercial com os Estados Unidos, que prevê tarifas norte-americanas de até 15%, pelo que caberá a Ursula von der Leyen defender o texto que mediou por entender ser o mais benéfico para os europeus. Vai também apelar a novas parcerias comerciais, nomeadamente bilaterais.
Também criticada por recentes retrocessos nas metas climáticas, a líder do executivo comunitário vai reforçar os compromissos ambientais, prometendo também responder aos desastres naturais causados pelas alterações climáticas (como os fogos em Portugal), aos elevados preços energéticos e à crise habitacional na UE.
No seu discurso, Ursula von der Leyen vai ainda abordar a democracia comunitária, no que toca à salvaguarda da liberdade de imprensa, à regulamentação das redes sociais e à aposta na imigração legal.
Falando na véspera, fontes europeias ligadas à presidente da Comissão Europeia anteviram que este não será um típico discurso sobre o Estado da União devido à "extrema volatilidade" e "maior polarização" do contexto geopolítico mundial.
Ainda assim, garantiram que Ursula von der Leyen tem "espírito de luta" e vai, com esta intervenção, "proteger os interesses europeus" por sentir que são mais importantes do que nunca.
A responsável alemã deve defender-se das críticas que é alvo, que incluem ainda a amplificação das suas competências na esfera diplomática internacional, sendo que tal tarefa cabe ao presidente do Conselho Europeu, António Costa.
Certo é que, segundo fontes ligadas a Ursula von der Leyen, não existe tensão com António Costa e os dois têm estado coordenados, como quando a responsável representou a UE nos encontros de Washington para um cessar-fogo na Ucrânia. O mesmo acontecerá sobre Gaza, garantiram.
Realizado anualmente perante o Parlamento Europeu, o discurso sobre o estado da União da presidente da Comissão Europeia serve para definir prioridades para a União no ano que se segue e anunciar novas iniciativas, após uma reflexão sobre o ano que passou.