É a primeira vez que a Madeira disponibiliza ajuda para combater incêndios fora da Região?
Os incêndios devastadores no continente não dão tréguas e já provocaram uma morte, vários feridos e consumiram diversas habitações.
Segundo os dados do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), há mais de 139 mil hectares ardidos, o que corresponde a 17 vezes a área ardida de 2024.
Tal como foi noticiado, no dia de ontem Portugal activou o Mecanismo Europeu de Protecção Civil com pedido de apoio de quatro aviões Canadair de combate aos incêndios. Dois aviões Fire Boss, cedidos pela Suécia, deverão chegar a Portugal na segunda-feira e juntarem-se ao combate aos incêndios no dia seguinte.
Mas a Madeira também disponibilizou ajuda. A Câmara Municipal de Santa Cruz informou que o município está "preparado para disponibilizar, de imediato, entre 5 a 8 bombeiros sapadores da Companhia de Bombeiros Sapadores de Santa Cruz, com experiência e formação para actuarem em diferentes tipologias de missões de apoio e socorro", com a ressalva de que este empenhamento seja "enquadrado e articulado pela Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil", para garantir "a sua integração coordenada no dispositivo e o máximo aproveitamento operacional destes recursos".
O Serviço Regional de Protecção Civil também se mostrou disponível para ajudar o continente caso o Governo da República solicite apoio. Mas será que esta é a primeira vez que a Madeira disponibiliza ajuda para incêndios fora da Região?
Em Agosto de 2005, 22 bombeiros de várias corporações da Região partiram para o continente para combater os fogos que devastavam o País.
“Uma iniciativa de solidariedade desenvolvida pelo Serviço Regional de Protecção Civil (SRPC) determinou a deslocação de 22 bombeiros madeirenses para integrar uma missão de combate aos incêndios florestais mais intensos que estão a desfigurar o território continental. A acção foi proposta pela Protecção Civil da Madeira junto de todas as corporações da Região, com a excepção da ilha do Porto Santo, de modo a não causar desfalques no efectivo de serviço. O carácter da missão não é mais do que um apelo ao voluntariado. Os “soldados da paz” vão assim integrar os piquetes que estão a combater, quase ininterruptamente, as chamas em Abrantes, uma das mais fustigadas pelos incêndios. A ideia foi recrutar dois a três elementos por cada quartel e desenvolver o serviço humanitário o mais urgentemente possível. O coronel José Maria Gouveia confirmou estas informações, referindo que se trata de um contributo do presidente do Governo Regional para combater a tragédia causada pelos incêndios que voltaram a fustigar, este ano, grande parte das manchas florestais do continente”, noticiou o DIÁRIO na altura.
Em 2017, no mês de Outubro, uma nova vaga de incêndios no continente causou mais de 30 mortos e dezenas de feridos, colocando o País em suspenso, após 48 horas infernais. A Região disponibilizou ajuda para o continente e tanto Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional, como Paulo Cafôfo, na altura presidente da Câmara Municipal do Funchal, mostraram-se solidários com aquele povo.
Em Agosto de 2019, Miguel Silva Gouveia, na altura presidente da CMF, disponibilizou uma equipa dos Bombeiros Sapadores do Funchal para ajudar a combater os grandes incêndios que assolaram as Canárias.
Também em Junho de 2023 cinco elementos dos Bombeiros Voluntários Madeirenses estiveram em missão no Canadá. No dia em que saíram da Região para ajudar no combate, o fogo já tinha consumido uma área florestal equivalente ao tamanho da Bélgica (cerca de 47 vezes a área do arquipélago da Madeira).
Esta foi a primeira equipa numa missão operacional internacional, integrada no Mecanismo Europeu de Protecção Civil.
Por fim, em Setembro de 2024 a Protecção Civil da Madeira prontificou-se a ajudar a combater as chamas no continente, numa altura em que 42 incêndios lavravam em Portugal continental.
Madeira pronta a enviar 13 bombeiros para o continente
Desta vez, o Serviço Regional de Protecção Civil prontificou-se a enviar 13 bombeiros de todos os Corpos de Bombeiros da Madeira para combater os incêndios do continente, se o Governo da República, através da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC), solicitar apoio.
Segundo o Serviço Regional de Protecção Civil, trata-se de uma unidade especializada com grande capacidade de intervenção em cenários de incêndios rurais, composta por “um elemento de comando, duas equipas helitransportadas e/ou com capacidade para trabalho de forma apeada no terreno com uso de ferramentas manuais e mecânicas (com a mesma formação/preparação da Força Especial de Protecção Civil), num total de 10 bombeiros, e dois bombeiros/analistas de incêndio rural com capacidade para operar ferramentas de apoio à decisão e sistema de informação geográfica”.
No entanto, este número poderá ser aumentado ou ajustado em função das necessidades manifestadas pelo continente, explica o SRPC.
“Está preparado um kit com todas ferramentas, equipamentos e recursos tecnológicos e de comunicações que permitirá a plena materialização das manobras, evitando qualquer encargo logístico extraordinário nas forças do continente”, esclarece.