Turismo (I)

“O comportamento do turista refere-se às ações, escolhas e preferências demonstradas por indivíduos ou grupos quando participam em viagens e atividades turísticas. Compreender o comportamento do turista é crucial para a indústria do turismo, pois ajuda a moldar as estratégias de marketing, os serviços e a experiência global da viagem. Os principais aspetos do comportamento do turista: o processo de tomada de decisão, motivações para a viagem, planeamento e reserva da viagem, interacção cultural e social, satisfação e expectativas, padrões de gastos, preferência da viagem, preferências de estação e de destino, impacto digital (redes sociais podem ser determinantes na decisão final) e responsabilidade ambiental.” (Delmar Sábio, 30 Out, 2023, LinkedIn)

Esta a concepção teórica, de referência, na análise e enquadramento da actividade turística. O turismo na ilha, no passado recente, era captado, essencialmente, pelos operadores turísticos que organizavam os voos charter, integrando viagem, alojamento e outras actividades no pacote turístico. Era um turismo, em termos quantitativos, menor, e etário, mais idoso. A actividade turística era muito centrada nos hotéis, excursões turísticas, visitas culturais a monumentos civis e religiosos.

As companhias aéreas de baixo custo e as novas tecnologias contribuíram para que o turista na sua decisão da viagem se tornasse mais independente das agências de viagens. Desde o planeamento, reserva de viagem, alojamento e actividades, a acção individual tem ganho mais expressão, sendo que também se traduz em mais economia para o turista.

Em termos dos destinos turísticos, esta circunstância contribuiu para o aumento exponencial do número de turistas.

A entrada das companhias aéreas de baixo custo nas ligações aéreas com a Madeira aos vários países emissores de turismo fez com que o perfil do turista que tradicionalmente nos visitava, se alterasse. Agora, é um turista mais jovem, ainda que o de mais idade, se mantenha. O alojamento é feito em pequenas unidades, designado de alojamento local, a nova modalidade, impulsionada pelo Covid, em que as pessoas passaram a valorizar mais a sua protecção de saúde. Ao alojamento tradicional na hotelaria, acresceu o do Alojamento Local.

O aumento de turistas, implica que, para sua mobilidade, estes alugam viaturas, logo o número destas aumenta. Numa ilha em que há limitações de território, em que as infraestruturas foram desenhadas para um dado número de pessoas, logo se torna perceptível, por vezes stressante, e causa competição aos recursos da ilha, com os seus habitantes.

Mais viaturas, temos trânsito mais denso, mais acidentes, espaços para estacionar congestionados ou inexistentes, face à nova densidade de automóveis, em alguns dos pontos de atracção turística e públicos.

Na economia também haverá efeitos pela relação entre a procura e a oferta que determinam a formação do preço de um bem ou serviço. Em consequência, a subida dos preços acontece, a disponibilidade de rendimento dos habitantes locais dificilmente consegue acompanhar tal evolução, ficando estes com menor capacidade de aceder a determinados bens e serviços.

Podemos referir que tal aumento de turistas também afecta o espaço e o tempo, uma vez que além dos locais a que acorrem, supermercados, cafés, espaços públicos, que têm a sua limitação física, tornam mais difícil, também, a mobilidade apeada e requer mais tempo aos habitantes para realizarem as actividades que antes faziam, com menos dispêndio de tempo.

O conjunto destas circunstâncias vão gerando na população local mais stress, porventura, níveis de insatisfação, crescente.

Nas grandes cidades, europeias, e outros destinos turísticos, tem acontecido algumas manifestações contra o turismo massificado, porque causa pressão sobre os recursos, como bens essenciais, habitação e outros serviços.

João Freitas