CIGIC, PRC ou PERAC como por cá é conhecido

Como enfermeira reformada, após ter trabalhado nos programas de recuperação de lista de espera cirúrgica, vejo como diferença entre estes e os programas de gestão cirúrgica diários, o número de cirurgias que se realizam num e noutro programa.

Nas de recuperação fazemos mais intervenções pois, maior o número maior a compensação, tanto para os participantes no acto cirúrgico imediato como para a Instituição.

A sensação é de que, por fazer mais sou devidamente recompensada.

Nos programas diários quer faça mais ou menos, não há diferença. Ninguém é penalizado por produzir menos nem quem produz mais é recompensado.

Então para quê andar a “toque de caixa”? A motivação para produzir mais deixa de fazer sentido para ambos.

Obviamente que, como em várias áreas económicas de intervenção do Estado, existem oportunistas que estudam as brechas no controlo das verbas atribuídas.

Conclusão, a falta de escurtinio rigoroso dos gastos com dinheiros públicos estão na base do desperdício e corrupção neste País. Mais grave é ver as próprias Instituições públicas e privadas aproveitarem-se desse laxismo.

Uma coisa é certa, em ambos os tipos de programação, sempre vi profissionalismo e sobretudo rigor na segurança dos actos medico-cirúrgicos realizados.

Trata-se somente de produtividade e justa recompensação, que na Função Pública não existe.

As avaliações de desempenho, quando as há, apenas servem para permitir, a seu tempo, a progressão automática do nível remuneratório na carreira. Não tem qualquer mais valia para o reconhecimento e imediata recompensa.

Ao longo dos meus 40 anos de Serviço Publico vi bastantes profissionais cujos comportamentos nunca seriam aceites no sector privado, alguns seriam mesmo despedidos. É isto que considero o grande cancro no Serviço Público.

Maria Câmara