Agricultura com falta de terrenos e Pescas com falta de mão-de-obra
Associação de Agricultores e CoopescaMadeira reuniram com deputados nacionais
O segundo dia de visita à Região prosseguiu, durante a tarde, com reuniões com a Associação de Agricultores da Madeira e com a Coopescamadeira – Cooperativa de Pesca do Arquipélago da Madeira.
João Ferreira, presidente da associação de agricultores, quis alguns esclarecimentos sobre a Lei dos Solos, que apesar de não estar em vigor na Madeira, já foi publicada no território nacional. Alertou em concreto para o facto de muitos estrangeiros estarem a adquirir terrenos para fazerem as suas quintas, muitos sem saberem se os terrenos rústicos vão servir para construção urbana.
“Se neste momento estamos com 4.600 hectares de área agrícola, e temos vindo a baixar a área agrícola, (…) podemos, num qualquer cenário de conflito internacional, ter dificuldades em aguentar até que chegue um barco ou um avião com produtos”.
O responsável também apontou que os jovens não estão muitos interessados na agricultura, também porque têm dificuldades em adquirir terrenos. Terrenos que, dada a procura pelo imobiliário, estão a “preços que os jovens não conseguem pagar”.
A realidade da agricultura na Madeira “não tem nada a ver com a realidade do Continente”, por isso João Ferreira considera importante que os deputados nacionais conheçam a realidade no terreno.
Já Jacinto Silva, responsável pela Cooperativa de Pesca da Madeira, defendeu uma maior articulação entre Portugal e a União Europeia, por forma a concertar esforços na questão da quota do atum e na necessária modernização da frota do peixe-espada-preto.
“Os barcos do peixe-espada-preto estão envelhecidos e os pescadores precisam de respostas… os jovens não querem saber da pesca. (…) Este ano, no que diz respeito à quota do atum, as associações da Madeira e dos Açores reuniram por várias vezes, articularam um plano, já publicado em portaria, e esperamos ter mais tempo para pescar”, disse.
Aos deputados nacionais, o porta-voz dos armadores mostrou-se igualmente preocupado com a falta de mão-de-obra no sector. “Temos um problema gravíssimo. Para ter uma ideia, vão ficar no Porto do Caniçal, pelas minhas contas, 7 a 8 traineiras. Não há mestres, nem contramestres. Não gente para pôr as embarcações no mar”, assume Jacinto Silva, dizendo que a queda do Governo Regional também acabou por prejudicar os esforços da Coopesca na formação de novos profissionais.