Queimadas devastam flora e fauna angolanas, alerta ambientalista
O ambientalista Vladimiro Russo alertou hoje para o impacto significativo das recorrentes queimadas que "devastam anualmente" a flora e fauna selvagem em Angola, sobretudo nas áreas de conservação, defendendo regras para a salvaguarda da biodiversidade.
Segundo Vladimir Russo, as queimadas que ocorrem um pouco por todo o país, sobretudo no fim da época de cacimbo (frio), vão sendo recorrentes ao longo de todo o ano e têm um impacto significativo sobre a fauna e sobre a flora.
"Essas queimadas nos últimos três ou quatro anos têm tido impacto muito grande sobre infraestruturas resultando também na perda de vidas humanas", afirmou hoje o ambientalista em declarações à Lusa.
Autoridades angolanas têm reportado, nos últimos tempos, uma onda de incêndios, em zonas florestais, sobretudo em áreas de conservação, como aconteceu, há quase duas semanas, no Parque da Quiçama, província angolana do Icolo e Bengo, onde cem hectares de vegetação foram destruídos em consequência de um incêndio que durou mais de 12 horas.
O corpo nacional de proteção civil e bombeiros considerou, na ocasião, que fogo posto esteve na origem do incêndio.
Hoje, o ambientalista lamentou as queimadas que ocorrem em zonas de conservação ambiental, salientando que no Parque Nacional da Quiçama - um dos mais conhecidos de Angola, próximo da capital, Luanda - o fenómeno dura há anos com impacto na sobrevivência das espécies da flora e da fauna.
"As queimadas que ocorrem na Quiçama são recorrentes, não é uma coisa nova, há muitos anos que ocorrem essas queimadas, algumas provocadas pelo ser humano para o efeito de caça e isso tem um impacto muito grande. Essas queimadas, da forma que são feitas, vão devastando uma grande parte da flora e, também, da fauna" com os consequentes impactos sobre a vida selvagem, disse.
Vladimir Russo salientou que as queimadas são atualmente utilizadas como mecanismo de caça e de abertura de solos agrícolas, mas, observou, "têm de ser feitas de forma regrada, com base nas condições climatéricas, com base na criação de aceiros [faixas de terrenos limpas de vegetação]", entre outros pressupostos "que a maior parte da população que faz essas queimadas não tem".
Por isso, alertou para o "impacto significativo na fauna e na flora", em particular nos parques nacionais e áreas de conservação ambiental.
Estas áreas "são o refúgio de espécies que não existem noutras partes ou deveriam estar protegidas dentro destas áreas de conservação", concluiu o também diretor executivo da Fundação Kissama -- organização que trabalha na conservação da Palanca Negra Gigante, antílope endémico de Angola.