O silêncio
O silêncio é ensurdecedor. Para uns é paz, para outros tempestade. Algo que não é nada faz um barulho tremendo na mente dos mais ansiosos. O silêncio que acalma não é consensual, uns sentem um desassossego enorme quando o silêncio aparece.
A noite tende a ser um lugar privilegiado para o silêncio, no entanto, por não saberem lidar com ele, alguns arranjam formas de escapar. Comprimidos e drogas são os favoritos de grande parte da população.
É muitas vezes no silêncio que surgem as melhores ideias, que surgem os pensamentos mais profundos, mas, e se nunca houver a possibilidade de aproveitar um bom sossego? Não podemos esperar que mentes desassossegadas, inquietas, ansiosas e depressivas desfrutem de um bom sossego proporcionado pelo ato (ainda gratuito) da quietude.
A rotina stressante do quotidiano deixa os nossos cérebros sedentos de estímulos, estímulos esses que nos tiram muitas vezes a quietação. A calma e a serenidade do passado foram trocadas por trechos de cinco segundos de músicas virais a ecoarem nos nossos ouvidos enquanto deslizamos a tela de um pequeno ecrã.
A serenidade que nos proporcionava o ato de existir foi trocada pelo nervosismo de produzir, que nos é impingido diariamente como forma de nos destacarmos numa sociedade cada vez mais barulhenta, mas com cada vez mais necessidade daquele eco contido que no passado era sinónimo de paz e hoje é muitas vezes confundido com solidão.
Precisamos de uma pausa para contemplar a magnitude de um bom silêncio.