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Israel mata dois habitantes de Gaza e eleva para 242 os mortos desde cessar-fogo

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Foto EPA

Cruz Vermelha entregou hoje os restos mortais de mais um refém israelita em Gaza

Israel matou no sábado e hoje dois palestinianos de Gaza, indicou o Ministério da Saúde do enclave, elevando para 242 o número de mortos por tiros israelitas desde o início do cessar-fogo em 10 de outubro.

Além disso, os corpos de outros seis palestinos foram encontrados entre toneladas de escombros, detalha o relatório, que estima em cinco o número de habitantes da cidade de Gaza feridos no sábado.

Apesar do cessar-fogo, Israel feriu 619 pessoas este mês, aumentando para 170.690 o número de habitantes de Gaza feridos, muitos com lesões permanentes e amputações, desde 07 de outubro de 2023.

Além disso, o Ministério da Saúde afirmou que, durante o cessar-fogo, foram recuperados 528 cadáveres entre os escombros de uma Gaza irreconhecível, embora se estime que milhares mais continuem soterrados.

Ainda hoje, um ataque com um drone israelita matou um palestiniano em Khan Yunes (sul da Faixa de Gaza), confirmou à EFE uma fonte do Ministério da Saúde de Gaza. Fontes locais localizam o ataque na cidade de Bani Suheila, a leste de Khan Yunis.

O total de mortos devido à ofensiva israelita em Gaza ultrapassou no sábado os 69.100, entre eles mais de 20.000 crianças, depois de o Ministério da Saúde do enclave ter atualizado o número, acrescentando quase 300 pessoas cuja morte ainda não tinha sido confirmada.

Trata-se, na sua maioria, de pessoas que morreram antes do início do cessar-fogo em Gaza e que ainda não constavam do registo da Saúde, que inclui nome, apelido ou bilhete de identidade.

Além disso, no âmbito do cessar-fogo, Israel devolveu a Gaza os corpos de 300 palestinianos, dos quais apenas 89 foram identificados no enclave.

São as famílias de Gaza que têm de identificar diretamente os corpos, devido ao bloqueio israelita de suprimentos e recursos adequados para realizar as autópsias, e muitos dos cadáveres apresentam sinais de humilhação e tortura.

Israel recebeu o corpo de mais um refém

Israel recebeu da Cruz Vermelha os restos mortais de um refém em Gaza, anunciou hoje o gabinete do primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, num comunicado.

O Hamas havia anunciado anteriormente que devolveu o corpo do tenente Hadar Goldin, morto em 2014 na Faixa de Gaza e cujos restos mortais estavam retidos no território palestino desde então.

O caixão, entregue ao exército israelita e ao Shin Bet, o serviço de segurança interna, "será transferido para Israel, onde será recebido numa cerimónia militar", antes de ser encaminhado para o Instituto Nacional de Medicina Legal para que os restos mortais sejam identificados, precisa o comunicado.

Ao entregar o corpo de Goldin, e a confirmar-se que se trata de um refém, faltarão devolver os restantes quatro, que o Hamas diz estar a procurar sob os destroços em Gaza.

Goldin deixou os pais e três irmãos, incluindo um gémeo. Tinha pedido a namorada em casamento antes de morrer. No início deste ano, a família assinalou os 4.000 dias desde que o corpo foi levado. O exército recuperou este ano o corpo de outro soldado morto na guerra de 2014.

O Hamas denunciou em várias ocasiões, desde que o cessar-fogo entrou em vigor, no dia 10 de outubro, que as forças armadas israelitas não lhe permite aceder a Rafah, onde acredita que se encontrava o cadáver do soldado.

Com a entrega do corpo de Goldin restam agora quatro outros, aparentemente todos mortos, em poder do Hamas.

Meny Godard, 73 anos, foi jogador profissional de futebol antes de se alistar no exército israelita e de participar na guerra do Médio Oriente de 1973, segundo o Kibutz Be'eri. Desempenhou várias funções no 'kibutz', incluindo na tipografia local.

Na manhã de 07 de outubro, Godard e a mulher, Ayelet, foram forçados a sair de casa depois de esta ser incendiada. A mulher escondeu-se nos arbustos durante várias horas até ser descoberta e morta pelos militantes. Antes de morrer, conseguiu dizer aos filhos que Meny tinha sido morto. A família realizou um funeral duplo para o casal. Deixaram quatro filhos e seis netos.

Ran Gvili, 24 anos, membro de uma unidade policial de elite, estava a recuperar de uma fratura no ombro provocada por um acidente de mota, mas apressou-se a ajudar colegas no dia 07 de outubro. Depois de auxiliar pessoas a fugir do festival de música Nova, foi morto em combate noutro local e o corpo levado para Gaza. O exército confirmou a morte quatro meses depois. Deixou os pais e uma irmã.

Dror Or, 52 anos, pai de três filhos, trabalhava na exploração leiteira do Kibutz Be'eri há 15 anos, tendo chegado a gerente. Era um especialista em fabrico de queijos, segundo familiares e amigos. Em 07 de outubro, a família escondeu-se no quarto de segurança quando os atacantes incendiaram a casa. Dror e a mulher, Yonat, foram mortos. Dois dos filhos, Noam, de 17 anos, e Alma, de 13, foram raptados e libertados durante o cessar-fogo de novembro de 2023.

Por fim, Sudthisak Rinthalak, um trabalhador agrícola tailandês que trabalhava no Kibutz Be'eri. Segundo relatos da comunicação social, era divorciado e trabalhava em Israel desde 2017.