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Crónicas

Os que fazem e os que sonham

Sou muito dos que fazem ou tentam fazer. Dos que não se esgotam no sofá, arriscam e vão à luta.Os que saem da sua zona de conforto e vão atrás dos seus sonhos. Talvez por eu ser um pouco assim também. Admiro este tipo de gente que prefere ir do que ficar, que não se deixa intimidar pelas dificuldades e dá tudo de si quando é tão mais fácil ficar a ver a banda passar e assumir uma posição critica perante os outros. Paralelamente a isso, como já dei conta por diversas vezes nesta coluna, sou um defensor da existência de entretenimento como forma de promoção das cidades, como oportunidade para o crescimento dos mais jovens e para proporcionar um pouco de liberdade a quem vive sufocado.Aqui na Madeira temos vários casos a quem tenho prestado a minha homenagem nesta área, ao longo do tempo. Pessoas que criaram projectos e conceitos que fizeram a nossa ilha dançar e vibrar, que entregam diversão, animação um pouco de loucura, que não param no que é mais fácil e obvio mas emprestam inovação e novidade num mundo tão “mainstream”. São disso exemplo o Emanuel das Vespas que há muitos anos vai mantendo a chama acesa e por onde passaram gerações. Ou o Nuno Barcelos e o projecto da Estalagem da Ponta do Sol onde podemos beber de uma diversidade cultural única.

Desta vez trago um outro caso. O caso do Paulo Lima, criador e impulsionador de diversos projectos de sucesso na Região. Conheci-o há uns anos, num projecto onde nos cruzámos e desde esse dia que admiro a sua capacidade de trabalho, a resiliência mas também a permanente procura em apresentar algo diferente que nos faça sonhar. Tenho sido desde então cliente do Mini Eco, conceito que há largos anos vem dando à Rua da Alfândega a magia dos grandes bares europeus e uma capacidade de oferecer aos madeirenses e a quem vem de fora, uma forma de estar na noite sem bandalheira ou confusões, uma programação musical carregada de bom gosto e que consequentemente atrai pessoas de faixas etárias que pouco se veem noutros sítios. Pela segurança, pelo ambiente e o serviço que nunca desilude. O Mini foi talvez o maior responsável por tornar essa mesma rua a “mais cool do Funchal”. Isso não é de somenos. Num tempo em que a noite e o entretenimento mudam com uma rapidez impressionante, este bar manteve-se e manteve a qualidade tão difícil de prolongar.

Agora o Mini tem um novo espaço. Foi à praia e colocou Santa Cruz no mapa da cultura urbana e do melhor que e faz no continente.Santa Cruz e a sua Praia dos Reis Magos passou a estar na rota cultural, trendy da ilha com a recente chegada do Mini Eco Countainer, que se vem assumindo com um dos espaços mais interessantes da região.Este espaço, como o próprio nome indica, tem uma componente ecológica muito forte, aferível e bem vincada pela equipa.Assumindo-se como um eco beach bar, pela sua dimensão, a verdade é que parte da experiência de frequentar o Mini é poder estar a desfrutar de um copo ou uma comida ligeira numa das melhores esplanadas da ilha, com o mar como papel de parede e ao sabor de uma banda sonora escolhida a dedo onde passa Jazzanova, Kruder & Dorfemeister, Miguel Miggs entre tantos, onde a música que ecoa se interliga com o som do mar a chocar nos calhaus.

Volta e meia em vinil, cortesia de conhecidos DJ’s que se juntam ao fim da tarde para celebrar a vida. O que se pode ouvir? O ecletismo do Mini faz com que seja impossível responder à pergunta, sendo cada dia uma viagem musical, alicerçada nas sonoridades da música lounge e eletrónica refinada, que nos desliga o geral e nos permite conversar. Um misto de sentimentos onde se pode relaxar e divertir com vista para mar.A esplanada em tons de azul e teka, mistura-se com a madeira do contentor feito à medida para ali ser instalado, com uma fantástica vista para o oceano.O contentor projetado por Paulo Lima, resultou numa atraente obra, peça bem enquadrada com a natureza, que possui uma esplanada bem diferente do tradicional e um rooftop instagramavel que nos remete para o paraíso. É um rectângulo de linhas rectas, despojado e minimalista, onde predomina a madeira, adornado pelas já características velas brancas e os vasos de bananeiras. Se a evolução vive de projectos diferentes, de quem ousa fazer de outra forma, este merece bem a visita.

Frases soltas:

A China aprovou uma nova lei onde determina regras para os influencers. Agora só quem tem diploma de faculdade pode falar sobre assuntos profissionais. Mesmo não sendo um exemplo de liberdade o país coloca em perspectiva um problema que se vem adensando um pouco por todo o mundo. Gente que é enganada por vendedores de banha da cobra que ganham milhões a enganar os outros. Veja-se as criptomoedas…

Nos Estados Unidos, Nova Iorque elegeu Zohran Mandani como o primeiro mayor muçulmano. Promete fazer regressar o mais tradicional socialismo, com propostas para os que menos têm que os fazem sonhar. Desde prateleiras com produtos essenciais oferecidos nos supermercados até á construção de habitação acessível para os que menos têm. É o movimento anti-Trump a ganhar força e a utopia como resposta a um utópico.