Pelo menos 141 detidos na Austrália em protesto contra maior porto de carvão do mundo
Pelo menos 141 ativistas foram detidos em Newcastle, na costa leste da Austrália, durante um protesto climático que paralisou por horas o tráfego marítimo do maior porto exportador de carvão, informou a Polícia de Nova Gales do Sul.
A polícia confirmou que 141 pessoas foram detidas desde quinta-feira por crimes relacionados com a navegação e a outras 18 foi aplicada a Lei de Delinquentes Juvenis, após milhares de manifestantes terem invadido o canal marítimo a bordo de caiaques ou a nado, no âmbito do "People's Blockade" (bloqueio popular) organizado pelo grupo ambientalista Rising Tide.
A Autoridade Portuária de Nova Gales do Sul suspendeu hoje todas as operações durante três horas, após considerar que a presença maciça de ativistas representava "um risco para a segurança".
A medida obrigou dois cargueiros de carvão a dar meia volta e a adiar a sua entrada no porto, informou a organização num comunicado.
O movimento Rising Tide afirmou ter recebido a confirmação de que "não entrariam mais navios de carvão durante o resto do dia", o que considerou um sucesso.
"Hoje é uma vitória do poder do povo. Quando o governo nos falha, o povo deve levantar-se", afirmou a organizadora Zack Schofield.
As detenções incluíram ativistas que se lançaram à água para bloquear a passagem dos navios.
"Nadei até ao canal porque vi em primeira mão os impactos das alterações climáticas. Foi uma decisão difícil e estava com medo, mas se não o fizer eu, quem o fará?", declarou Allison Stockman, uma educadora infantil detida esta manhã.
Entre as pessoas detidas estão também dois membros da Greenpeace que escalaram o casco do navio Yangze 16 para desfraldar uma faixa de cinco metros.
Os protestos, que incluíram um "protestival" com atuações musicais, continuarão até terça-feira, enquanto a polícia mantém uma zona de exclusão marítima ativa até segunda-feira de manhã.
A Austrália, um dos maiores produtores de carvão e emissores de dióxido de carbono (CO2) do mundo, se contabilizadas as suas exportações de combustíveis fósseis, comprometeu-se a reduzir suas emissões poluentes até 2030 e a atingir emissões neutras em 2050, embora continue a aprovar projetos de carvão e gás.