Comissão Europeia destaca situação orçamental estável e crescimento robusto em Portugal
O comissário europeu da Economia, Valdis Dombrovskis, destacou hoje a "situação orçamental bastante estável" de Portugal, com a contínua redução da dívida pública, e o "crescimento económico bastante robusto" este ano e no próximo.
"A situação orçamental é bastante estável e o rácio da dívida em relação ao PIB continua a diminuir. Assim, eu diria que a evolução em Portugal é positiva", disse Valdis Dombrovskis, em entrevista a meios europeus em Bruxelas, inclusive a agência Lusa.
No dia em que o executivo comunitário apresentou projeções económicas de outono, o responsável disse esperar que "Portugal continue a registar um crescimento económico bastante robusto, com 1,9% este ano e 2,2% no próximo ano".
A Comissão Europeia atualizou hoje as suas previsões sobre o crescimento económico da zona euro e da UE, que à semelhança das anteriores continuam marcadas pela incerteza devido ao contexto mundial, apesar dos compromissos da União Europeia e dos Estados Unidos para um entendimento comercial que permitiu sanar tensões.
No documento, a instituição aponta que Portugal é um dos países que estão "menos expostos" às tarifas norte-americanas, uma vez que apresenta "tanto taxas tarifárias efetivas baixas como exportações limitadas para os Estados Unidos".
A economia portuguesa vai crescer 1,9% em 2025 e 2,2% em 2026, prevê a Comissão Europeia, revendo em alta a estimativa para este ano e mantendo a projeção do próximo.
Para Bruxelas, "a procura interna deverá continuar a impulsionar o crescimento económico em Portugal, apesar da incerteza no comércio global", segundo se lê nas previsões económicas de outono divulgadas hoje.
Estas previsões são mais pessimistas do que as do Governo, que inscreveu no Orçamento do Estado para 2026 um crescimento de 2% este ano e de 2,3% no próximo.
Para este ano, a Comissão Europeia reviu em alta as previsões de maio de 1,8% para 1,9%, enquanto manteve a previsão de 2,2% em 2026. Já para 2027, Bruxelas estima um crescimento de 2,1%.
Por seu lado, o executivo comunitário projeta que Portugal vai registar um saldo orçamental nulo este ano e um défice de 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2026, segundo as projeções divulgadas hoje, mais pessimistas do que as do Governo.
Já para 2026, apesar da receita fiscal beneficiar da atividade económica e da dinâmica do mercado laboral, o impacto de medidas como o IRS Jovem e a redução das taxas de IRS, aumentos salariais e o bónus nas pensões vai pesar nas finanças públicas.
As previsões do Governo inscritas no Orçamento do Estado são de um excedente de 0,3% este ano e de 0,1% em 2026, com o executivo a ser o mais otimista entre as instituições que fazem previsões para Portugal.
Estas projeções da Comissão Europeia representam, para 2025, uma revisão em baixa face ao excedente de 0,1% previsto em maio, mas uma revisão em alta relativamente ao défice de 0,6% projetado nas previsões de primavera.
Bruxelas alinha assim com a maioria das instituições que seguem a economia portuguesa e que estimam um défice para o próximo ano, como o Banco de Portugal, o Conselho das Finanças Públicas e a OCDE.
Para 2027, Bruxelas também projeta um défice orçamental, de 0,5% do PIB.
Já no que diz respeito à dívida pública, a Comissão Europeia estima que o rácio deverá continuar a diminuir para menos de 90% do PIB até o final do horizonte de previsão.