Pelo menos 32 meninas violadas numa semana pelos paramilitares no Darfur
Pelo menos 32 meninas foram violadas numa semana pelos paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF na sigla em inglês) na cidade sudanesa de Al-Fashir, informou hoje a Rede de Médicos do Sudão.
"O equipamento da Rede de Médicos do Sudão documentou, com base em informações médicas e de campo confiáveis, 32 casos confirmados de violação numa semana contra meninas da cidade de Al-Fashir que chegaram à zona de Tawila", revelou a Organização Não-Governamental (ONG), em comunicado.
Algumas destas violações ocorreram dentro da própria cidade de Al-Fashir após ter sido tomada pelas RSF, enquanto outras foram cometidas quando as menores tentavam fugir para Tawila, uma localidade a cerca de 70 quilómetros a oeste da cidade, para a qual escaparam dezenas de milhares de civis nas últimas semanas, acrescenta-se na nota.
A Rede de Médicos do Sudão condenou estas violações "cometidas por membros das RSF" e lembrou que "estes crimes constituem uma flagrante violação do direito internacional humanitário", acrescentando que "representam crimes de guerra e crimes contra a humanidade".
"Revelam a magnitude da desordem e dos abusos sistemáticos que sofrem mulheres e meninas nas zonas controladas pelas RSF, num contexto de total falta de proteção e absoluta impunidade", lamentou a ONG, que pediu "uma investigação internacional urgente e independente" a estes crimes.
Após a queda de Al-Fashir, em 26 de outubro, numerosas organizações de direitos humanos e também as Nações Unidas denunciaram múltiplos abusos por parte dos paramilitares contra civis que ficaram retidos na cidade, enquanto o Governo sudanês afirma que mais de 2.000 pessoas foram assassinadas num único dia.
A guerra no Sudão começou em 15 de abril de 2023 e, desde então, dezenas de milhares de pessoas morreram, mais de 13 milhões foram forçadas a abandonar as suas casas e mais da metade da população sudanesa enfrenta insegurança alimentar aguda, segundo a ONU.