Como destruir uma carreira e uma reputação em 5 minutos
Posso dizer que conheço o João Paulo Matias desde sempre. Quando alcançamos, - ambos, porque ele tem a minha idade -, a capacidade de perceber o que se passava no mundo para além das nossas casas, partilhamos vivências, interrogações e explorações, movidos, ambos, por um extraordinário interesse em conhecer e saber mais do que o que nos apresentavam.
Fomos os dois, com mais uns quantos amigos, curiosos e aventureiros, procurando, sempre, saber e experimentar mais do que o que estava ao nosso alcance. Por isso frequentamos tudo o que era inovador, em termos culturais, nessa altura: não falhávamos um concerto, ou outro evento, no Teatro Municipal, à conta do nosso querido mentor e amigo Nascimento que providenciava os bilhetes para a malta; por isso também, atrevemo-nos, ainda menores de idade, a publicar um semanário (“A Região”) que sobreviveu por seis números. Muito nos divertimos, nesses tempos, naquela ilusão de fazermos coisas de gente grande, sendo ainda “rapazes”.
Conheço toda a família do João Paulo Matias, porque desde muito novo, frequentei a sua casa, como ele frequentava a minha. Desde os pais: o Dr. Acácio Matias, conservador do Registo Comercial do Funchal, homem do qual recordo, até hoje, a enorme sensatez e o inexcedível sentido de humor; a D.ª Ângela Ornelas Matias, senhora que encarava sempre com enorme compreensão, os nossos entusiasmos juvenis, sem deixar de fazer as chamadas de atenção para os excessos que se impunham. Conheço os irmãos: o Zé Matias, a Ângela e o Mário, deste último recordando, em especial, as primeiras incursões no XZ SPECTRUM, numa época em que as Tecnologias de Informação ainda estavam baseadas numa “cassete áudio” controlada com uma esferográfica BIC.
Acrescento, para completa declaração de interesses, que fui colega do João Paulo Matias no Ciclo Preparatório, no Secundário, no, então chamado, Ano Propedêutico, e na Licenciatura na Faculdade de Direito de Lisboa, para além de ter partilhado residência com ele, em Lisboa, durante dois anos.
Conhecendo-o como conheço, tenho a certeza inabalável, que sempre foi um servidor impoluto do Estado. O meu amigo João Paulo Matias é incapaz de facilitar a vida seja de quem for, em desfavor dos interesses do Estado. Posso testemunhá-lo pessoalmente. E, como se costuma dizer, “ponho o meu pescoço no cepo”.
Só me resta acrescentar, para desfazer as falsidades da notícia em questão, que a minha querida amiga e colega Matilde, nunca foi inspetora tributária ou trabalhou sequer na Alfândega do Funchal. Por isso cai pela base a alegação, rotundamente falsa, de que teria beneficiado indevidamente de um subsídio concedido pelo seu marido.
Seria muito aconselhável que o Ministério Público (entidade já bastamente desacreditada) ou Polícia Judiciária, antes de veicularem para a comunicação social, factos que são evidentemente falsos, os verificassem, sequer minimamente. E, sobretudo, que tenham em consideração que um “flash” de 5 minutos na comunicação social pode pôr, seriamente, em causa uma carreira de quase quatro décadas ao serviço do Estado e dos cidadãos.
João Cristiano Loja