1000 crónicas
Na era do digital tudo o que dizemos é escrutinado, fica agarrado à nossa pele e ganha lastro
Esta semana fui confrontado com o facto de se as contas estiverem certas, esta ser a milésima crónica que publico num jornal ao longo de 13 anos. A minha primeira reação foi “1000?? Como assim?” Uma pessoa vai fazendo um caminho, os dias passam e os anos sucedem-se sem deles darmos grande conta ou sem que disso demos importância. Mas este é apenas o mote para vos escrever sobre o prazer da escrita, o que dela levamos e o que nos entrega. O desafio de estarmos permanentemente atentos ao mundo e ao que nos rodeia, a investigação sobre os temas, a encruzilhada das palavras que nos parecem a um determinado momento as mais acertadas e noutros nem tanto. As dúvidas e interrogações sobre as nossas próprias opiniões e a confrontação pessoal com algumas das nossas atitudes, os nossos erros, a capacidade que temos de nos olharmos de fora e conseguirmos fazer uma análise tantas vezes inspirada no que são as nossas emoções. Publicar opinião é hoje em dia uma grande responsabilidade. Na era do digital tudo o que dizemos é escrutinado, fica agarrado à nossa pele e ganha lastro para o futuro, o que se assume como um risco porque não nos é dada a hipótese de mudarmos de opinião nem de com a construção do nosso caminho, pensarmos de forma diferente.
Escrever é por isso antes de tudo, um exercício de análise pessoal e de autocritica mas é também um privilégio, o de podermos ter voz quando tantos ainda são silenciados. Comunicar com os outros, expressarmos o que sentimos num determinado momento e darmos o nosso próprio cunho ao debate geral sobre os mais diversos temas é parte do fascínio que a mim pessoalmente me faz gostar tanto disto. Com o mundo a girar cada vez mais rápido e o tempo a parecer cada vez mais curto, é um desafio imenso o de conseguir cativar, captar a atenção ou ser suficientemente interessante para que alguém escolha tirar uma pequena porção do seu dia para ler o que temos para dizer. Obriga-nos por isso a investigar, a procurar o que pode sustentar a nossa opinião e a tentar não cair no erro de sermos injustos, residuais ou levianos. O processo começa invariavelmente pela escolha do tema, a vontade que sentimos em dar contributo ou informação que possa ser relevante, que acrescente, algo que mereça ser falado. Depois o conteúdo, a mensagem que pretendemos que passe de forma a que quem nos lê não fique com dúvidas e consiga reter o que achamos ser importante. A escolha das palavras certas e a objetividade de quem tem um número de caracteres a cumprir para que tudo possa encaixar na perfeição.
Quando comecei a escrever ensinaram-me que é o título que agarra os leitores e os faz querer saber mais ( o desta crónica não é por isso um bom exemplo ) e continuar a ler até que o final chegue. Ensinaram-me também que temos que dar “imagens” para que as pessoas se consigam imaginar dentro do texto e sigam-no fazendo uma projeção para a realidade, substituir o porque sim ou o porque não pela descrição sucinta do que estamos a falar, conseguir que quem nos lê entenda para onde estamos a ir, concordando mais ou menos. Esse é outro dos desafios da escrita, sermos nós próprios, sem dúvidas ou receios da critica ou do que possam dizer de nós. Nunca escrevi para agradar a alguém, nunca permiti que me impusessem o que quer que fosse nem me vendi ao que quer que seja. A escrita de um artigo de opinião tem que ser livre, tem que ser a reprodução nossa essência, dos nossos valores e princípios.
É por isso um ato solitário que muitas vezes nos afasta da multidão. É no silêncio que nos percorrem as letras e não raras vezes na tristeza que elas parecem mais soltas. Para sermos contundentes temos que saber que não vamos agradar a todos, que algumas vezes nos vão dizer coisas que não gostamos e que podemos ser enxovalhados, ofendidos e pressionados. Eu ainda assim ao contrário de muitos gosto de ouvir o que as pessoas têm a dizer sobre os textos. É sinal que leem e que se preocupam, que isso mexeu com elas. Só tenho de agradecer a quem me tem dado esta oportunidade e acima de tudo a quem me lê, cada vez que alguém me vem falar do que escrevo isso deixa-me feliz. Obrigado.
Frases Soltas:
Itziar Moreno Martinez. Provavelmente o nome não lhe diz nada. Foi uma das ativistas da flotilha, detida por Israel. O que tem de importante? Foi uma das terroristas da ETA condenada em França em 2016 depois de ter escapado às autoridades portuguesas quando fazia parte da “casa de Óbidos” uma base operacional do grupo terrorista.E não é a única que lá anda. Foi com esta gente que uma deputada do nosso país andou a passear de barco.
A mais influente loja maçónica do país está envolvida em nova polémica. Desta vez foi a suspensão de um maçon por ter divulgado o nome e imagens das duas mulheres que serão iniciadas em breve. Serão aliás as primeiras a entrar no Grande Oriente Lusitano.