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Falta de infraestruturas é "calcanhar de Aquiles" no desporto moçambicano

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O Presidente moçambicano reconheceu ontem que a falta de infraestruturas é um dos "calcanhares de Aquiles" no desporto nacional e reiterou a necessidade da construção de um centro de alto rendimento para a formação de atletas de qualidade.

"Vamos continuar a trabalhar, porque um dos grandes calcanhares de Aquiles que o nosso desporto moçambicano tem é, sem sombras de dúvidas, infraestruturas, entre tantos outros desafios", declarou Daniel Chapo, durante a Gala Nacional do Desporto, em Maputo.

O Presidente, que falava durante a condecoração dos melhores atletas nacionais, entre os quais a antiga atleta Maria de Lurdes Mutola, recordista dos 800 metros, afirmou não ser possível ter competência sem meios humanos, desportivos, financeiros e materiais, "para que as pessoas mostrem o seu potencial e a qualidade que elas têm".

"Não podemos continuar a exigir que um Chiquinho Conde [treinador da seleção nacional de futebol] leve a nossa seleção para um campeonato mundial ou ganhar um campeonato africano sem infraestruturas de qualidade. Não podemos continuar a exigir que um Nazir Salé [treinador da seleção de basquetebol] leve a nossa seleção de basquetebol a conquistar medalha africana ou conquistar um campeonato do mundo sem que tenhamos camadas de formação, sem que tenhamos campeonatos nacionais de iniciados, juvenis, juniores e até seniores", anotou o Presidente de Moçambique.

Para o Chefe de Estado, estes profissionais e tantos outros do desporto nacional tentam fazer tudo para fazer "omeletes sem ovos", já que a carreira desportiva não tem sido fácil, com a persistência de "grandes desafios" que incluem a falta de infraestruturas modernas e acessíveis em todas as províncias do país e o financiamento ainda insuficiente e pouco sustentável.

Nas suas declarações, Chapo incluiu ainda as condições de treino que não correspondem ao potencial dos atletas e dos treinadores, a necessidade urgente de profissionalizar a gestão desportiva, a integração ainda frágil do desporto escolar e a falta de valorização do desporto feminino e inclusivo como parte do problema.

"Mas não são os desafios que nos definem, é a forma como correspondemos a eles com coragem, determinação e inovação", afirmou o dirigente moçambicano.

Chapo apontou ainda que o desporto provou ter a força de "unir corações", atravessar fronteiras e "eternizar" a pátria no "espírito" olímpico universal, exemplificando com vitórias como a de Lurdes Mutola, que ganhou o título olímpico dos 800 metros nos Jogos Olímpicos de Sydney, na Austrália, em 2000, tornando-se a primeira moçambicana a atingir este feito, referindo representam "um dos mais fortes símbolos da unidade nacional".

"Sempre falamos da necessidade de construirmos um centro de alto rendimento em Moçambique, porque sem um centro de alto rendimento nunca teremos mais Lurdes Mutola e nunca teremos atletas de qualidade que nós gostaríamos de ter", apontou o Presidente moçambicano.

O Chefe de Estado moçambicano agradeceu ainda aos desportivas de todas as modalidades, afirmando que cada conquista é mais do que uma medalha: "é a prova de que Moçambique sabe resistir, vencer e afirmar-se no concerto das nações".

 "Houve momentos em que, através do desporto, afirmámos com coragem o nosso engajamento na luta contra o apartheid e pela liberdade dos outros irmãos, na nossa região da SADC [Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, sigla inglesa] e na humanidade. Nos tempos difíceis de conflito, o desporto foi o espaço de esperança e encontro entre o povo moçambicano, onde acreditávamos num futuro de paz", concluiu Daniel Chapo.