Já houve na Madeira presidentes de Câmara da mesma família?
Olavo Câmara foi eleito presidente da Câmara Municipal do Porto Moniz, nas eleições autárquicas do último domingo. Nos últimos 12 anos, o Município tem sido liderado por Emanuel Câmara, pai de Olavo. Esse facto foi notado e comentado, a nível regional. Uns criticando, outros elogiando.
Reflexo dessas reacções, ao DIÁRIO, C. Sousa veio afirmar que o caso registado no Porto Moniz, com a eleição de uma pessoa que já teve o pai presidente, não é inédito na Madeira. Terá razão o leitor?
Na verificação da veracidade do que afirma C. Sousa, vamos começar pelo mais recente, pelo que aconteceu nas eleições do último domingo. Mas não nos limitaremos aos casos de pais e filhos. A nossa busca será um pouco mais alargada e incidirá também em familiares próximos.
As nossas fontes mais importantes serão a ‘lista de Presidentes das Câmaras — Ilhas’, do ISCTE/ER – com dados até 2012; a Associação de Municípios e notícias do DIÁRIO, JM e Funchal Notícias.
O caso de Olavo e Emanuel Câmara é incontroverso, no aspecto de se tratar de um filho que vai presidir a uma Câmara Municipal que foi presidida pelo pai.
Do levantamento, que tentámos que fosse exaustivo, mas que, ainda assim, pode ter escapado algum caso, detectámos um outro município onde a pessoa eleita teve o pai na presidência. Foi na Calheta.
Doroteia Leça, presidente eleita, é filha de Manuel da Silva Leça, que foi presidente calhetense entre 1982 e 1993.
Casos de pais e de filhos, não conseguimos encontrar qualquer outro, no período em análise, que é o pós-25 de Abril de 1974.
Procurámos então casos de presidentes que tenham tido familiares a ocuparem o mesmo cargo.
Em Machico, a Câmara Municipal foi presidida por dois irmãos.
Primeiro foi José Martins Júnior (Padre Martins), eleito em 1989 e reeleito em 1993.
No mandato seguinte, o presidente foi Bernardo Martins, irmão do padre Martins. Foi eleito em 1998 e presidente até 2001.
Na pesquisa, que efectuámos, não identificámos qualquer outro caso de irmãos que tenham sido presidente de câmara. Mas localizámos mais um caso de familiares.
No Porto Santo, entre 2011 e 2013, Fátima Menezes foi presidente de Câmara, quando Roberto Silva se tornou deputado na Assembleia Legislativa da Madeira.
No mandato seguinte, 2013-2017, foi presidente Filipe Menezes de Oliveira, que era sobrinho de Fátima Menezes.
Como se constata, tem razão o leitor ao afirmar que o caso do Porto Moniz, onde um filho ocupa o cargo de presidente, numa Câmara em que o pai também o foi, não é inédito na Região. Além disso, há pelo menos mais dois casos em que, não sendo pai e filho, as presidências foram exercidas por pessoas familiares de presidentes anteriores. Por tudo isto, avaliamos a afirmação de C. Sousa como verdadeira.