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Preços altos são virtuosos para destino crescer gerindo pressão turística

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O presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) afirma que a prática de preços mais altos pode ser vantajosa, ainda que desafiante, se Portugal quer continuar a crescer mas a gerir bem a pressão turística.

"Os preços altos não são em si mesmo um problema nem uma má notícia, podem ser uma virtude e uma boa notícia até, certamente têm é um desafio acoplado", considerou Pedro Costa Ferreira à Lusa, quando questionado por eventuais danos no crescimento do setor dada a contínua subida que os valores praticados no turismo têm registado.

O responsável reforça até que "preços altos, desde que estejam acompanhados de boas taxas de ocupação é tudo o que se quer em Portugal" e em "todos os aspetos mais óbvios", porque se "se quer crescer gerindo a pressão turística, tem que se crescer com mais receita por turista".

Agora - reforça Pedro Costa Ferreira - "evidentemente" há desafios em paralelo a prazo e aponta dois consequentes.

"O desafio é que temos que manter qualidade de acordo com os preços que estamos a praticar, se não mantemos ou não a criamos nalguns casos podemos não gerar consistência nesta subida de preços", disse, acrescentando que para já este aspeto "tem acontecido", o que o leva a considerar que, para já, "os preços altos têm sido virtuosos".

No entanto, depois, o "principal desafio" para "a consistência e manutenção de qualidade" é "entre outros, certamente, o desafio da mão de obra: o desafio da obtenção de mão de obra e o desafio da qualificação da mão de obra existente", explica.

Fruto da conjuntura - que nos últimos anos tem sido de taxas de inflação altas -, o setor do turismo, nas suas várias atividades tem vindo a registar sucessivos aumentos de preços, que se fazem notar, por exemplo, na venda de pacotes turísticos.

No caso da hotelaria, segundo dados da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) divulgados em 22 de fevereiro, a taxa de ocupação nos alojamentos turísticos subiu para 68% em 2023, mais sete pontos percentuais do que em 2022, com o preço médio por quarto a aumentar para 141 euros.

À Lusa, o presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) também defende que é preciso afastar a perspetiva de que os preços de alojamento turísticos estão proibitivos para a maioria dos portugueses, já que há oferta de qualidade para todos os rendimentos.

"Felizmente, e quem acompanha o setor há muitos anos sabe, que em qualquer lugar deste país hoje já se dorme e come com grande qualidade e para um nível de preços muito, muito alargado. E é uma evidência, não é para responder rapidamente a um tema", disse Bernardo Trindade à Lusa.

"Nós fomos confrontados com uma situação de, digamos, um acréscimo substancial da despesa [eletricidade e gás, serviços prestados, bens alimentares...] e para mantermos estabelecimentos abertos, para podermos pagar os nossos contributos, nomeadamente em primeiro lugar para poder pagar melhores salários, para responder aos encargos que temos com o Estado, designadamente em termos de impostos e taxas, para, no fundo, poder responder a toda a gama de despesa tivemos que, de forma muito madura, ter preços mais elevados", explicou à Lusa o O presidente da AHP.

Por outro lado, apontou a necessidade da "qualificação permanente que uma unidade hoteleira exige para se manter atual", lembrando que "isso carece de investimento" que só é possível concretizar "uma vez, tendo no fundo, verbas ou gerando verbas" que o permitam.

Assim, quando confrontado com a perspetiva de se estar a evoluir para um nível de preços que afastará os portugueses de fazerem férias em Portugal, de contribuírem para o desempenho turístico - como tem vindo a acontecer, o presidente da AHP defendeu também que o país "tem hoje uma oferta de alojamento de uma gama muito diversificada, que permite responder aos bolsos dos portugueses em função um bocadinho do seu rendimento disponível".