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Explicador Madeira

Cancro colorrectal, tudo o que precisa saber no culminar deste 'Março Azul'

Termina amanhã a corrida virtual “Faz das tripas coração”, um evento de cariz solidário dirigido à sociedade, com ênfase na prevenção e no diagnóstico precoce deste tipo de cancro

"Hoje, já pensou no seu intestino?” é o mote para a campanha de 2024 do Mês da Prevenção do Cancro Colorrectal

Neste que é o mês de sensibilização contra o cancro colorrectal, o Núcleo Regional da Madeira da Liga Portuguesa Contra o Cancro (NRM-LPCC) organizou várias iniciativas para alertar para a importância da prevenção e diagnóstico precoce desta doença, desafiando a comunidade a juntar-se ao movimento ‘Março Azul’.

Corrida virtual e palestras presenciais marcam últimos dias de 'Março Azul'

No mês de Março, em que se assinala "o mês de sensibilização contra o cancro colorretal", a Liga Portuguesa Contra o Cancro organiza várias iniciativas, uma delas é uma Corrida Virtual que decorre desde o dia 1 ao dia 31, as outras são palestras presencias, duas delas a decorrer hoje no Funchal e em Machico.

Amanhã, dia 31, termina precisamente a corrida virtual “Faz das tripas coração”. O evento – dinamizado pelo NRM-LPCC, em parceria com o SESARAM e a Associação de Atletismo da Madeira – é aberto a toda a população sem restrições de idade, podendo ser feita a correr ou a caminhar.

As inscrições podem ser através do link abaixo, que remete para os respectivos formulários de participação individual ou em equipa:

Lap2Go - Corrida Virtual - Faz das Tripas Coração | 01/03/2024

Este evento é virtual, sem carácter competitivo e de cariz solidário, com o objetivo de apoiar a Liga Portuguesa Contra o Cancro. Esta corrida é aberta a toda a população sem restrições de idade, podendo ser feita a correr ou a caminhar.

A meta para este ano é atingir os 10 mil quilómetros, mas a derradeira vitória é consciencializar a população de que o cancro colorrectal é uma doença frequente e que pode ser fatal. No entanto, o seu diagnóstico precoce pode salvar a sua vida e pode até ser prevenido. O que precisa então saber?

O que é o cancro colorrectal?

O cancro do cólon e/ ou do recto, também chamado de cancro colorrectal, é um dos tipos de cancro mais comum nos homens (tal como o cancro da pele, próstata e pulmão) e nas mulheres (tal como o cancro da pele, pulmão e mama).

Cancros da mama e colorretal entre os mais frequentes em 2020

Os cancros da mama, colorretal, próstata e pulmão foram os mais frequentes em 2020, sendo que, seguindo o padrão habitual, nas mulheres prevaleceu o da mama e nos homens o da próstata, refere o Registo Oncológico Nacional (RON) hoje divulgado.

Pode afectar o cólon ou o recto, que colectivamente formam o intestino grosso. O cólon é a primeira porção do intestino grosso (120 a 150 cm) e o recto a última parte (10 a 12 cm). A parte do cólon que se une ao recto é o cólon sigmóide. A parte que se une ao intestino delgado é o cego.

Apesar da semelhança biológica entre os tumores do cólon e do recto, a diferente localização anatómica pode ditar diferenças no tipo de tratamento necessário.

Qual a sua causa?

O cancro colorrectal inicia-se pelo aparecimento de pólipos, que são alterações causadas pelo crescimento anómalo de tecido no intestino grosso que com o tempo crescem e transformam-se em cancro.

Mas nem todos os pólipos se transformam em cancro. Os pólipos podem ser removidos por colonoscopia antes de se degenerarem, prevenindo o aparecimento de cancro.

Se forem identificadas células malignas no pólipo removido mas que não invadam outras camadas do órgão, o doente pode ficar curado. Quando os pólipos não são removidos e sofrem transformação em cancro, as células tumorais podem invadir as várias camadas do órgão e disseminar-se pelo organismo. A este processo dá-se o nome de metastização.

Quais são os factores de risco?

De acordo com a Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva (SPED) há vários factores conhecidos que alteram o risco de desenvolvimento de cancro colorrectal.

Alguns, como a idade, síndromes genéticas, ou a história familiar de cancro, não podem ser alterados.

Refira-se que, no caso de história de cancro colorrectal em familiares de primeiro grau (pais, irmãos, filhos), há um risco acrescido de desenvolvimento deste cancro (sendo superior nos indivíduos com um maior número de casos de cancro colorrectal e com uma menor idade de diagnóstico de cancro colorrectal na família).

Outros, conhecidos como factores de risco modificáveis, incluem: o consumo de tabaco ou álcool, a pouca actividade física, a dieta pobre em fibras e a obesidade.

Quais os sintomas?

Numa fase inicial, o cancro colorrectal pode não causar sintomas, o que realça a importância do rastreio (ou seja, fazer um exame sem ter queixas).

Quando causa sintomas, os mais frequentes são:

  • Perda de sangue nas fezes;
  • Alteração prolongada do padrão habitual do funcionamento do seu intestino (como ter diarreia persistente numa pessoa habitualmente presa dos intestinos ou ter prisão de ventre persistente numa pessoa habitualmente não obstipada);
  • Dor de barriga;
  • Cansaço fácil/ fadiga;
  • Perda de peso não intencional.

Este tipo de cancros causa habitualmente perda de sangue no intestino, que nem sempre é visível (as fezes podem parecer normais a olho nu). Ao longo do tempo, essa perda de sangue poderá levar ao aparecimento de anemia.

Os sintomas e sinais referidos podem ser causados por outras doenças para além do cancro no intestino.

“É sempre importante consultar o seu médico para determinar qual a causa dos sintomas que apresenta”, avisa a SPED.

Como se diagnostica?

Na ausência de sintomas, foi já demonstrada a importância do rastreio, de maneira a detectar o cancro em fases precoces, ou mesmo detectar e tratar as lesões (pólipos) antes da formação do cancro (prevenindo o aparecimento do mesmo). Na ausência de história familiar de cancro colorrectal em familiares de primeiro grau, na ausência de síndromes genéticas que aumentem o risco de cancro do intestino e na ausência de um diagnóstico de doença inflamatória do intestino (doença de Crohn/colite ulcerosa), este rastreio está recomendado para os cidadãos assintomáticos com idade entre os 50 e os 74 anos.

Há vários exames que podem ser usados para o rastreio; os de 1.ª linha são: a pesquisa de sangue oculto nas fezes por método imunoquímico (FIT) e a colonoscopia.

Se a pesquisa de sangue oculto nas fezes for positiva, ser-lhe-á recomendada a realização de uma colonoscopia. Em Portugal, o método escolhido pelo Ministério da Saúde é a pesquisa de sangue oculto nas fezes por FIT, seguido de colonoscopia nos casos positivos e foi já demonstrada a custo-eficácia desta estratégia.

Havendo diferenças entre estes dois métodos, a recomendação é que faça o seu rastreio do cancro colorrectal e consulte o seu médico assistente para decidir o método mais aplicável no seu caso.

Para mais informação consulte os seguintes documentos:

Na presença de sintomas, dependendo da avaliação pelo seu médico, poderá ser recomendada a realização de colonoscopia (a pesquisa de sangue oculto nas fezes não é adequada na presença de sintomas). Este exame permite o diagnóstico do cancro colorrectal, nomeadamente através da realização de biopsias, imprescindíveis para a caracterização e diagnóstico definitivo destes tumores. Se os sintomas forem causados por pólipos e não cancro, estes poderão ser removidos durante essa colonoscopia.

Uma alternativa é a colonografia por TAC que permite também o diagnóstico do cancro colorrectal; no entanto, geralmente é necessária a realização posterior de uma colonoscopia para realização de biopsias.

Após o diagnóstico de um cancro colorrectal, poderão ser solicitados outros exames como uma tomografia computorizada (TAC) ou ressonância magnética para melhor caracterização e estadiamento do tumor.

Como se trata?

O tratamento do cancro colorrectal vai depender de vários factores, dos quais se incluem o estadiamento da doença (o grau de compromisso da doença a nível local, regional e à distância) e o estado geral do doente, incluindo outras doenças que possa ter.

Existem várias modalidades disponíveis, que passam por tratamentos endoscópicos (definitivos ou paliativos), cirúrgicos, quimioterapia e radioterapia, que são muitas vezes combinados. A melhor estratégia de tratamento para cada caso individual é proposta ao doente após reuniões multidisciplinares (incluindo médicos de várias especialidades como Gastrenterologia, Cirurgia, Oncologia Médica, Radioterapia, Anatomia Patológica e Imagiologia), salvo em situações emergentes.