“Justiça” de Ventura

André Ventura (AV) quando se disfarçava de democrata e para ser convincente até se filiou num partido democrático, era contra o “crescente poder das polícias”, o “populismo penal” e a “discriminação das minorias”.

No Chega abandonou o disfarce de democrata e enveredou pelas palhaçadas “fascistóides”, declarações racistas e xenófobas contra as minorias, contradizendo-se ao ponto de agora defender o reforço dos poderes das polícias e do MP em detrimento dos direitos e liberdades democráticas, nomeadamente do direito à presunção de inocência.

Mesmo sabendo que que o Supremo Tribunal do Brasil anulou a sentença que tinha condenado Lula da Silva, AV não se coibiu de chamar-lhe “bandido” apenas e só por não ser da extrema direita.

Já Trump acaba de ser condenado pelo tribunal a pagar uma multa de 364 milhões de dólares por fraudes.

Bolsonaro e Trump que descuraram as medidas de combate à covid e desvalorizaram a gravidade da epidemia provocando muitos milhares de vítimas mortais, que recusaram aceitar os resultados das suas derrotas eleitorais e atentaram contra as instituições do estado de direito e a democracia nos seus países, estando por isso a ser acusados pela Justiça, são os mentores e exemplos de governantes que AV muito preza e por isso os queria no congresso da extrema direita que ia realizar em Lisboa.

A veneração de AV por Trump e Bolsonaro dá-nos a perspetiva do que poderia ser a sua governação se os portugueses o permitissem.

Para AV, Bolsonaro, Trump e quejandos “justiça” é sobretudo a condenação dos opositores políticos e nunca a sua absolvição, é por isso que se empenham em reforçar os poderes das polícias e do MP não para combater a corrupção como AV proclama, mas para fazer deles instrumentos de repressão antidemocrática quando às ordens e ao serviço de regimes ditatoriais/autocráticos e corruptos como na Rússia, sempre prontos a mandar prender, acusar e até assassinar os opositores políticos como aconteceu com Alexei Navalny.

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