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A nova geringonça sindical nas Polícias

Num país onde as forças de segurança desempenham um papel crucial na manutenção da ordem e na segurança dos cidadãos, é hora de reconhecer a importância de fortalecer e apoiar a Polícia de Segurança Pública (PSP) e a Guarda Nacional Republicana (GNR) em Portugal. É tempo de o Estado dar um passo à frente, assumindo um compromisso mais robusto para com aqueles que diariamente arriscam as suas vidas para proteger os cidadãos portugueses e os estrangeiros que nos visitam.

Ao longo dos anos, a PSP e a GNR têm enfrentado desafios significativos, desde questões de infraestrutura, à falta de recursos, à crescente complexidade das ameaças à segurança até ao atribulado, mas justo, suplemento de missão que foi atribuído apenas à Polícia Judiciária (PJ), tem sido uma questão debatida, provocando protestos por parte dos profissionais em todo o país, incluindo as regiões autónomas e criando tensões entre as diversas forças de segurança.

É notável o esforço e dedicação destas forças de segurança, mas é imperativo que o Estado, particularmente o novo governo a ser eleito, reconheça a necessidade de um apoio mais substancial, é essencial abordar as questões salariais e de condições laborais. Valorizar o trabalho dos profissionais da PSP e da GNR, à semelhança do que aconteceu com a PJ, brindando-os com salários competitivos e assegurar condições de trabalho dignas são formas de reconhecimento pelo serviço prestado. O Estado deve garantir que esses profissionais se sintam motivados e reconhecidos, promovendo assim a manutenção de uma força policial altamente competente e comprometida.

Além disso, o novo governo deverá obrigatoriamente rever urgentemente a revisão das tabelas remuneratórias e no valor do suplemento das forças de segurança e risco, aumentando o vencimento dos polícias. Deverá também implementar o diploma de saúde, higiene e segurança no trabalho, em melhorar a assistência na doença, aumentando o número de prestadores de cuidados de saúde e atribua de uma vez por todas o subsídio de insularidade aos polícias das regiões autónomas como todos os funcionários públicos.

Ademais, a atenção à saúde física e mental dos profissionais da PSP deve ser uma prioridade. O trabalho policial é inerentemente stressante, e é necessário implementar medidas eficazes para prevenir o burnout, garantindo o bem-estar dos profissionais. Oferecer suporte psicológico, acesso a cuidados de saúde mental e programas de gestão de stress são iniciativas que não só beneficiarão os agentes individualmente, mas também promoverão um ambiente de trabalho mais saudável e eficiente.

Outro ponto crucial é o investimento na modernização das infraestruturas e equipamentos das nossas esquadras policiais, especialmente nesta RAM. Muitas vezes, as condições de trabalho das forças de segurança são precárias, o que pode comprometer a eficácia do seu trabalho. A construção e renovação de instalações, assim como a disponibilização de recursos tecnológicos e de comunicação mais avançados, são medidas que contribuirão significativamente para o desempenho das funções destas instituições.

Agora, é fácil de perceber que seis (6) sindicatos da PSP e os quatro (4) sindicatos da GNR com representatividade negocial com as tutelas formaram uma plataforma sindical, que há quem classifique como a nova geringonça sindical, está a moldar as relações laborais num setor crítico para a segurança pública. Esta geringonça, é uma coligação improvável entre sindicatos da PSP e da GNR, surgiu como uma resposta concertada para a atribuição do suplemento de missão. Esta aliança reflete uma mudança no paradigma sindical, onde a solidariedade entre diferentes forças de segurança está a ganhar terreno sobre as rivalidades históricas.

O verdadeiro teste desta nova geringonça residirá na capacidade de preservar a solidariedade entre as forças de segurança sem comprometer a identidade única de cada uma.

O debate sobre o suplemento de missão para a PJ é apenas o começo, e as decisões tomadas agora terão implicações duradouras nas relações laborais dentro das forças de segurança em Portugal.