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Madeira

Menos explorações mas mais área agrícola até 2023

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Segundo o Inquérito à Estrutura das Explorações Agrícolas 2023 (IEEA 2023), divulgado esta manhã pela Direção Regional de Estatística, "a Região Autónoma da Madeira (RAM) tinha, naquele ano, 12.202 explorações e uma Superfície Agrícola Utilizada (SAU) de 4.702,9 hectares (1 hectare = 100 ares = 10.000 m2)", o que significa que "face ao Recenseamento Agrícola de 2019 (RA19), o número de explorações agrícolas caiu 9,8%, enquanto a SAU cresceu 2,1%", calcula. A DREM assinala que "o histórico entre recenseamentos agrícolas (que decorrem habitualmente de 10 em 10 anos) e entre inquéritos estruturais mostrou sempre reduções da área de SAU na Região", aumentando desta feita e confirmando um regresso à agricultura ou, melhor, um reforço da área agrícola, apesar de menos pessoas dedicadas.

E esta segunda parte contraria a tendência a nível nacional, onde "o número de explorações caiu 9,9%" e "a SAU diminuiu 2,6%", destaca. Na Madeira, "o crescimento da SAU e a redução do número de explorações na Região conduziram a um aumento da área média de SAU (calculada pela divisão da SAU pelo número de explorações com SAU, que é de 12.186), que se fixou nos 3.859 m2, acima da apurada no RA19 (3.416 m2)".

O Inquérito, realizado entre Outubro de 2023 e Abril de 2024 pela Direção Regional de Estatística da Madeira (DREM), é uma  "operação estatística nacional da responsabilidade do Instituto Nacional de Estatística (INE)", que "inquiriu uma amostra das explorações agrícolas da Região, tendo sido realizadas 1.460 entrevistas aos agricultores madeirenses", explica. E "pretendeu conhecer a estrutura das explorações agrícolas, os sistemas de produção, as práticas culturais, a população agrícola familiar e a mão de obra assalariada. Permitiu ainda obter um conjunto de informação relacionada com o desenvolvimento regional, a origem do rendimento do produtor e alguns aspetos relativos à manutenção da atividade da exploração agrícola".

"De notar que foi a quebra de 23,8% ocorrida entre 2019 e 2023 nas explorações com menor dimensão (menos de 0,2 hectares de SAU), que determinou a redução global no número de explorações. Por sua vez, o número de explorações entre os 0,2 a 2,0 hectares registou um aumento de 5,9%", confirma o reforço da aposta das explorações de muito pequena dimensão existentes em detrimento das de pequena dimensão, fazendo com que, em 2023, "as explorações agrícolas concentravam 8,7% da área total da RAM", contra 8,3% em 2019.

Ou seja, o mais curioso é que "os dados do IEEA 2023 evidenciam um maior peso das explorações de muito pequena dimensão no total de explorações, face ao RA19. Com efeito, em 2023, 77,2% das explorações tinham uma dimensão económica inferior a 8.000 euros (muito pequenas), acima dos 75,6% verificados em 2019. As explorações de pequena dimensão passaram a ter menor peso, representando, em 2023, 19,8% do universo de explorações, contra os 20,7% em 2019", aponta. Já "as grandes explorações mantiveram os 0,4% do total, enquanto as explorações de média dimensão diminuíram, passando a representar 2,6% do total em 2023, comparativamente a 3,2% em 2009".

Nota ainda para o facto de que "a população agrícola familiar na RAM (constituída pelo produtor agrícola e pelo seu agregado doméstico) era de 34.532, menos 2.399 indivíduos que em 2019 (-6,5%)", sendo que, do total, "12.008 eram produtores singulares (e os restantes são, em regra, membros dos seus agregados domésticos)". E acrescenta: "É este tipo de responsável jurídico e económico que está à frente de 98,4% das explorações agrícolas da Região. As sociedades constituíam apenas 1,0% do total das explorações da RAM em 2023. Os produtores agrícolas madeirenses são, na sua maioria, homens, com uma idade média de 64 anos, mais 2 anos do que em 2019. Em 2023, a percentagem de produtores agrícolas do sexo masculino era de 55,9%, superior à de 2019 (55,2%)."

Por fim, em termos de rendimentos, "importa referir que apenas 1,2% dos agregados domésticos dos produtores singulares da Região vivem exclusivamente do rendimento proveniente da exploração agrícola, uma percentagem inferior à de 2019 (3,5%)". Ou seja, cada vez menos dependentes em exclusivo da agricultura, mas é de notar que seis em cada 4 (60,4%) dos "agregados têm pelo menos um membro que aufere pensões e/ou reformas (54,8% em 2019)", confirmando o envelhecimento dessa população. "No que diz respeito às intenções futuras dos produtores singulares madeirenses em relação às suas explorações agrícolas, 98,0% asseguram que continuarão a mantê-las", mais de metade (55,9%) tinham como principal razão o "complemento ao rendimento familiar".