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Fact Check Madeira

Será verdade que o SESARAM não dispõe de um serviço de psiquiatria?

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O assunto foi abordado ontem pelo Partido Trabalhista Português, numa acção de campanha para as eleições legislativas regionais de 24 de Setembro, que teve lugar na Casa de Saúde São João de Deus, com a candidata Raquel Coelho a denunciar a falta de respostas no Serviço Regional de Saúde da Região Autónoma da Madeira para as áreas da psiquiatria e da saúde mental.

“Com este problema de droga gravíssimo que temos, com o consumo de drogas sintéticas, com os sem-abrigo, com a falta de infraestruturas, equipamentos e profissionais de saúde, como é que é possível que o nosso Serviço Regional de Saúde ainda não tenha um Serviço de Psiquiatria, que o tenha de concessionar?”. Raquel Coelho, candidata PTP

Mas será verdade que o SESARAM não dispõe de um serviço de psiquiatria?

Ao DIÁRIO, fonte do Serviço Regional de Saúde afirma que tal afirmação não corresponde à verdade. A Região Autónoma da Madeira não só tem um Serviço de Psiquiatria público como viu aumentar o número de profissionais afectos a esta especialidade.

Todos os centros de saúde da RAM têm um psiquiatra afecto ao serviço. Este profissional está integrado nas equipas de saúde comunitária. Uma equipa multidisciplinar que integra profissionais de diferentes áreas e complementam a resposta em matéria de saúde mental. Estão envolvidos cerca de 90 profissionais, distribuídos pelos centros de saúde da região. O número de elementos que constituem as equipas varia de acordo com as necessidades da população afecta a cada Centro de Saúde. Gabinete de Informação do SESARAM

A título de exemplo, em Março deste ano, o Grupo de Trabalho de Prevenção do Suicídio e dos Comportamentos Autolesivos da Unidade de Psicologia do Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira falava sobre a criação e implementação, em Junho de 2021, da Consulta de Psicologia de Suicidologia no Serviço de Psiquiatra. Consulta esta em linha com as orientações do Plano Nacional da Prevenção do Suicídio e outras convenções científicas internacionais.

A candidata do PTP considerou ainda que estes “quadros podiam ser amenizados, evitados, se houvesse um acesso a cuidados de saúde mental a nível local, a nível dos centros de saúde”. Sobre este ponto, refere a mesma fonte que qualquer médico de medicina familiar e interna está apto para um primeiro diagnóstico à problemática da saúde mental, havendo a hipótese de pedir um “seguimento imediato” aos colegas da Psiquiatria ou fazendo referenciação para atendimento à posteriori.

“Os profissionais de saúde que compõem estas equipas abraçam as seguintes especialidades/ áreas de actuação: médico especialista de Medicina Geral e Familiar, enfermeiro especialista de Saúde Mental, psicólogo / psicopedagogo e assistente social. Estas equipas estão integradas na Estratégia Regional de Promoção da Saúde Mental”, refere ainda o SESARAM, acrescentando que compete às Equipas de Saúde Mental Comunitárias promover o acompanhamento de proximidade dos utentes com perturbações psiquiátricas, no contexto dos cuidados de saúde primários.

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Apesar de não ser verdade a inexistência de um serviço de psiquiatria no SESARAM, o que é facto é que o serviço regional ainda não dispõe da valência de internamento, daí que esta possa ter sido a intenção do reparo dos candidatos do PTP, ao visitarem uma das instituições na Madeira que asseguram o internamento em várias valências, nomeadamente as da saúde mental, da toxicodependência ou da alcoologia.

Internamento de agudos "é absolutamente essencial"

"É uma situação preocupante" notou Miguel Guimarães em relação à falta de resposta directa do Serviço de Psiquiatria do SESARAM no que diz respeito ao internamento de doentes agudos, na sequência da visita feita, esta manhã, ao Hospital dos Marmeleiros.

"(...) Como é que é possível que o nosso Serviço Regional de Saúde ainda não tenha um Serviço de Psiquiatria, que o tenha de concessionar?", questionou Raquel Coelho.