Voz Portosantense

A falta de água, o clima seco e vento nunca foi um obstáculo que convencesse o Portosantense a deixar de insistir e continuar a cultivar.

Contudo, actualmente, esta perspectiva de enfrentar desafios começa a desvanecer-se com a presença de um novo elemento – o coelho selvagem se realmente merece este nome porque apresenta feições totalmente diferentes do coelho a que estávamos habituados.Mediante isto, levanta-se a pergunta como se metamorfizou o coelho levado pardo, tímido que se reproduzia de modo adequado ao meio em que vivia, e vivia assim em harmonia com o homem e com a natureza e de quem ninguém se queixava, e agora surge, por certo não de modo miraculoso, um coelho multicolor, em numero incontável que não receia a presença do homem e que faminto devora desalmadamente tudo o que é verde, mesmo que este seja espinhoso.

Donde resulta esta transformação?

Como é que nos sentimos, ao ver que o que plantamos cuidamos e regamos, porque se não for assim as plantas não sobrevivem, sejam corroídas até aos troços ou desaparecem, sem deixar qualquer rasto?

Perante esta intensa destruição, como é que nos sentimos?

Para quê este duplo sofrimento, sem solução á vista, quer para o homem, que desatentado vê desaparecer o seu trabalho, quer para o coelho que magro e à fome procura alimentação?

Para quê este sofrimento esta, esta destruição?

Vozes (in)conformadas (des)consoladas a pouco e pouco vão se calando e deixando contaminar e anestesiar pela ideia de que “não há nada a fazer”, será que somos obrigados apenas a contemplar uma paisagem despida, árida esburacada por todo o sítio, sem “folha verde” porque por este andar para aí caminhamos?

Será que temos de deixar o coelho apoderar-se, sem controle, do nosso espaço e não nos deixar margem para que possamos cultivar mesmo perante condições climáticas adversas?

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