Jornada Mundial da Juventude País

Encontro de Lisboa foi bom para alguns mas mau para a generalidade dos negócios

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Associações representantes de comerciantes de Lisboa disseram hoje que a Jornada Mundial da Juventude (JML) foi muito boa para os estabelecimentos do setor alimentar que celebraram acordos com a organização do evento, mas muito má para os restantes negócios.

"A semana da jornada não foi, na generalidade, boa. Houve quebras nalgumas lojas, sobretudo em setores que não têm a ver com o alimentar, e quebras significativas. E no setor alimentar correu muito bem a quem tinha contratos com a organização da JMJ. Aí houve muito sucesso e foi acima do esperado", disse à Lusa Vasco Melo, vice-presidente da Associação de Dinamização da Baixa Pombalina (ADBP).

A associação representa todos os negócios da Baixa de Lisboa, desde ourivesarias, hotéis, restauração, lojas de roupa, lojas de jogos e imobiliárias, por exemplo.

"Os peregrinos não vinham na predisposição de consumirem, nem de comprar uma casa, nem roupa, o que é normal", afirmou, sublinhando que, por outro lado, devido à JMJ muitos turistas desmarcaram e residentes em Lisboa decidiram ir de férias nesta altura.

Em declarações à Lusa, a presidente da União de Associações do Comércio e Serviços (UACS) de Lisboa disse fazer um balanço "muito positivo", lembrando que se tratou de um evento que colocou em Lisboa "durante, pelo menos, seis dias mais de um milhão de pessoas a mais do que aquilo que a cidade tem".

No entanto, Carla Salsinha acrescentou também ter a noção de que "não teve impacto direto" nos setores de comércio não-alimentar, destacando ser o "impacto futuro" que deverá ser tido em conta, com a "potencial difusão e divulgação da cidade de Lisboa, da cultura e tradições, e do próprio comércio".

"Como estrutura representativa não posso deixar de dizer que as lojas de roupa, sapatarias, ourivesarias não tiveram impacto direto e algumas até tiveram alguma quebra", frisou.

Segundo o responsável pela Associação de Comerciantes do Bairro Alto, Hilário Castro, a quebra também foi visível nesta zona de bares.

"Aquilo que sentimos foi que houve bastante movimento, mas pouco negócio. A abertura das lojas de conveniência também não ajudou nada, porque apenas contribuiu para o 'botellón' e para o consumo de álcool na via pública", disse, considerando que "os jovens não vinham com grande disponibilidade financeira".

Hilário Castro sublinhou, contudo, que "há eventos em que o retorno não é imediato" e disse esperar que a JMJ gere dividendos num futuro e que muitos destes jovens voltem a Lisboa para usufruírem da cidade com mais tempo.

"Estamos a falar de um milhão de pessoas que chegaram para assistir aos dois eventos [encontro no Parque Eduardo VII e vigília e missa no Parque Tejo]. Mesmo que tenham regressado [aos seus países], muitos ficaram para depois. São embaixadores de Lisboa e do país, sendo que algumas pessoas nunca tinham estado na Europa", disse, pelo seu lado, Carla Salsinha.

A responsável salientou que o nome de Lisboa e Portugal esteve "permanentemente, durante cinco dias ou seis, a ser falado no mundo, em mais de pelo menos em 150 países", e considerou que "nenhuma campanha [de promoção que se fizesse] pelo Estado ou pela cidade de Lisboa atingia o número de pessoas que este evento atingiu".

"Estabelecer uma correlação entre a JMJ e o futuro é muito incerto", disse Vasco Melo, da ADBP, considerando mesmo assim que "foi algo muito bonito" e "o facto de ter corrido bem foi bom para cartão-de-visita da cidade".

Este responsável admitiu que nos últimos dias se têm visto muitos jovens pela cidade de Lisboa, sobretudo na zona da Baixa, e disse que a ADBP vai, em setembro, realizar um inquérito juntos dos associados sobre o impacto da JMJ.

A JMJ de Lisboa terminou no domingo, no mesmo dia em que o Papa Francisco, que chegou a Portugal em 02 de agosto, regressou ao Vaticano.

O maior acontecimento da Igreja Católica em Portugal juntou cerca de 1,5 milhões de jovens no Parque Tejo (Lisboa) para uma missa e uma vigília, com a presença do Papa Francisco.

A próxima JMJ realiza-se dentro de quatro anos em Seul, na Coreia do Sul.