Os ‘fake news’ tornaram-se, infelizmente, uma situação recorrente sempre que há algum acontecimento mediático mais importante. A desinformação, a tentativa, sempre anónima, de desacreditar a comunicação social e espalhar informações falsas passaram a ocupar o maior espaço nas redes sociais. A pouca, ou quase nula, capacidade de separar o verdadeiro do falso – a literacia mediática tarda em ser uma prioridade dos governos -, leva a que até as notícias mais estapafúrdias possam ser levadas a sério.

O recente ataque informático ao Serviço Regional de Saúde (SESARAM), cometido por ‘hackers’ e que bloqueou o acesso a milhares de ficheiros, criando contratempos graves no atendimento de utentes, também motivou ‘fake news’.

“Prevê-se que o tempo de recuperação do sistema [informático do SESARAM] seja prolongado”

“Desta tipologia [ataque informático] não é a primeira vez que se regista na Região, no Serviço de Saúde sim, mas com esta extensão e com este impacto é a primeira vez que algo desta dimensão ocorre”, disse Nuno Perry, director de Serviços de Cibersegurança, considerando que o prazo para a recuperação do sistema pode ser demorado. “Não conseguimos nesta fase dar um prazo de recuperação expectável. Não é algo que se resolva num dia”.

Uma das mais curiosas apresentava o ‘hacker’ Rui Pinto – o principal protagonista do ‘Footballeaks’ – como estando a colaborar com a Polícia Judiciária para recuperar os ficheiros do SESARAM.

A imagem, que procurava associar o texto à CMTv, não tinha mais nenhuma ligação, mas foi replicada, várias vezes, nas redes sociais.

A utilização da imagem do grupo de comunicação do Correio da Manhã para este tipo de ‘fake news’ é também recorrente, tendo sido criada, há alguns anos, uma aplicação que permitia criar notícias falsas associadas a um endereço ‘cm’.

Pelo que foi possível apurar, Rui Pinto, que está a enfrentar julgamentos pela divulgação de mails e outros ficheiros de empresas e clubes, entre outros, não vai recuperar os ficheiros do SESARAM, desde logo porque tem o acesso a computadores limitado.

A colaboração o ‘hacker’ com a PJ chegou a ser referida em processos de grande destaque, mas nunca foi assumida. No entanto, não seria inédito a ligação de ‘hackers’ e falsificadores  a investigações policiais.

Um dos casos mais famosos foi o de Frank Abagnale Jr. Um falsificador e burlão que, com apenas 18 anos, falsificou cheques, licenciaturas e até se fez passar por piloto da PanAm. Um caso que foi levado ao cinema por Steven Spielberg, no filma ‘Apanha-me se puderes’, com Leonardo DiCaprio no papel do jovem burlão e Tom Hanks como agente do FBI que o iria capturar.

Abagnale acabaria, no filme e na vida real, como consultor e depois contratado pelo FBI para detectar fraudes e falsificações.

Não é certo que Rui Pinto siga o mesmo caminho do norte-americano, mas parece lógico que uma forma de tentar apanha um ‘hacker’ seja colocar outro no seu encalço.