Jornada Mundial da Juventude País

Portugal em destaque no primeiro encontro entre o Papa e os jovens

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Foto Lusa

Portugal esteve hoje em destaque na cerimónia de Acolhimento, o primeiro momento de encontro entre o Papa Francisco e os jovens que participam, em Lisboa, na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), com fado, cante alentejano e tapetes de flores.

Com o líder da Igreja Católica no palco, no topo da 'Colina do Encontro', no Parque Eduardo VII, jovens transportaram os símbolos da JMJ -- a Cruz Peregrina, com 3,8 metros de altura, e o ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani - até ao palco principal, por um corredor decorado com tapetes de flores e de sal, criados durante a madrugada por 130 pessoas dos municípios do Sardoal, Vila do Conde, Viana do Castelo e Viseu.

O trajeto dos símbolos foi acompanhado por música portuguesa: Mariza interpretou o fado "Foi Deus", celebrizado por Amália Rodrigues; Buba Espinho e o Rancho de Cantadores da Aldeia Nova de São Bento, com o tema "Nossa Senhora do Carmo", música tradicional do cancioneiro alentejano, enquanto o músico Tiago Bettencourt cantou o tema "Viagem", acompanhado de grupos de bombos do município do Fundão.

Antes, jovens leram excertos de cartas, simbolizando as cerca de 2.000 que o Papa recebe diariamente, dando conta das suas preocupações sobre problemas económicos e políticos, de más condições de habitação ou de falta de saúde e das suas dificuldades com a fé, e também a agradecer a Francisco o "especial carinho" pelos jovens.

"Na minha paróquia, parece que não há espaço para errar. Assusta-me. Não há espaço para mim. Assusta-me", disse uma jovem portuguesa.

"Vivo num país com muita corrupção", "estou a escrever sem eletricidade por causa do racionamento", "como posso ajudar as pessoas que se afastam da fé?", "obrigada por tudo o que fizeste pela minha família e amigos", "sinto que me podes descansar o coração nos momentos de maior dúvida", "o medo paralisou-me, tomei más decisões, já não encontro sentido na vida", foram algumas das mensagens, ditas em várias línguas.

Seguiu-se um momento típico de todas as jornadas - o desfile das bandeiras, representando os mais de 180 países presentes nesta Jornada Mundial da Juventude, ao som da música "Um Dia de Sol", um original de Héber Marques, cristão evangélico.

A cerimónia prosseguiu com a leitura do Evangelho, com interpretação em língua gestual, que incitou os peregrinos a partirem em missão, orientando-os para a simplicidade e humildade.

O Papa discursou, depois, advertindo contra as "ilusões do virtual" e insistindo na mensagem de que a Igreja acolhe todos.

"Repitam comigo: todos, todos, todos", apelou aos peregrinos, que respondiam com entusiasmo e aplausos. Mais à frente voltou a pedir aos jovens que gritassem: "Deus ama-nos". "Mais forte, que não se ouve", instou, a terminar o discurso.

Momentos antes do fim da cerimónia, o elenco -- composto por 50 jovens de 21 nacionalidades, reunidos no Ensemble23 - construiu um anagrama inspirado em excertos do Evangelho.

No palco, entraram, em primeiro lugar, duas grandes letras carregadas por elementos do elenco, formando a palavra "Go" ('vai'), seguindo-se outras mensagens: "I am sending you" ('Eu estou a enviar-te') e " The kingdom of God has come near to you" ('O Reino de Deus aproximou-se de ti'), um momento ao som da música "The Kingdom of God", de Lee Hooldridge.

O Papa saiu do palco, de cadeira de rodas, uma hora e vinte minutos depois de chegar, acenando aos peregrinos, ao som do hino da JMJ, interpretado nas cinco línguas oficiais do evento.

À cerimónia assistiram o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, o primeiro-ministro, António Costa, e o antigo chefe de Estado Ramalho Eanes, entre outras individualidades.

A Santa Sé divulgou que, segundo as autoridades portuguesas, o Acolhimento contou com a presença de meio milhão de pessoas.

Lisboa acolhe hoje o terceiro dia da JMJ, considerado o maior acontecimento da Igreja Católica, com a presença do Papa Francisco, na qual são esperadas cerca de um milhão de pessoas, até domingo.