Madeira

Gestão da GESBA arrasada pelos produtores que temem a falência do sector

Encontro de bananicultores, realizado esta tarde, na Madalena do Mar, identificou vários problemas

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foto DR

A gestão da GESBA esteve ‘debaixo de fogo’ no encontro de produtores de banana, realizado ontem na Madalena do Mar, para discutir os problemas que o sector atravessa.

Ao DIÁRIO, António Tanque, o produtor porta-voz da iniciativa, concluiu que “há uma grande diferença” nos preços praticados, ao dar conta que “em média, a GESBA paga 0,30 euro/kg ao agricultor, e em média essa mesma banana é vendida, no continente, a 1,82 euros”.

Esclarece que nesta equação não entra o subsídio atribuído por fundos comunitários, por entender que sendo este apoio dirigido especificamente ao agricultor, não deve a GESBA aproveitar-se do mesmo para incluir no seu ‘relatório e contas’.

Outra conclusão apurada é a exorbitância dos custos de produção praticados pela GESBA. “Custam o dobro da produção do mesmo quilo de banana produzida nos arquipélagos das Canárias ou de Guadalupe”, apontou. Considera que a GESBA “tem pessoal a mais” referindo-se aos 320 trabalhadores, e quando comparado com outras realidades insulares.

Para agravar o estado de coisas, “os custos de produção para o agricultor duplicaram” desde o ano passado. Diz mesmo que “os agricultores estão a ficar ‘com a corda ao pescoço’” porque o rendimento da banana “está a chegar a um ponto que não dá para continuar assim”.

A iniciativa que juntou produtores de banana serviu também para concluir que a manter-se a actual política de gestão “a GESBA corre o risco de entrar em falência em breve. Para isso basta que haja alguma flutuação, ou seja, uma redução no tal valor comunitário. Isto é, se o valor do subsídio, que actualmente é muito superior ao valor da própria banana, porventura baixar, tendência que é esperada tendo em conta o que foi falado no último Quadro discutido, será a falência dos agricultores e a falência da GESBA”, vaticina.

António Tanque reclama também “a necessidade urgente de incluir nos órgãos de gestão da GESBA representantes dos agricultores” para “fiscalizar” a gestão, sobre a qual recaem muitas desconfianças.

Concluíram ainda que  “o seguro que existe não interessa aos agricultores. Interessa à GESBA, interessa à Seguradora, mas não interessa aos agricultores” por entender que é “penalizador”. Em causa o facto de a avaliação feita nas peritagens “só considerar os aspectos quantitativos (bananeiras tombadas) e não abrange o aspecto qualitativo (danos nas bananeiras não tombadas). Nestes casos a perda na qualidade reflecte-se no valor final, e mesmo não sendo uma perda total, é uma perda significativa, que não é considerada”, concretizou.