“O ferry não pode ser usado como engodo, apenas com intuito eleitoral”. As palavras são de Élvio Sousa que, a 26 de Junho questionava o presidente do Governo Regional sobre uma promessa que teria sido feita durante a campanha eleitoral.

Também ontem, o PPM exigia ao líder do executivo madeirense um pedido de desculpas por não ter cumprido várias promessas, entre as quais está a ligação ferry.

A ligação ferry entre a Madeira e Portugal continental já foi, em tempos, uma realidade, mas desde a saída do grupo Armas dessa ligação, não mais a mesma voltou a concretizar-se. Os pedidos para que tal volte a acontecer são uma constante, mas o processo parece não avançar.

Mas será que Miguel Albuquerque prometeu mesmo que esta ligação seria retomada?

Numa rápida pesquisa é possível perceber que em Maio de 2018, ainda a cumprir o anterior mandato, Albuquerque dizia: “é importante que os madeirenses percebam que apesar do Governo português estar sempre a falar em estratégia do mar, vai ter de ser o Governo Regional a apoiar o ferry porque o Governo português o que faz é falar, mas quando se trata de concretizar a ligação entre o arquipélago e o território continental, não entra com tostão”.

Já na edição de 6 de Junho de 2019, o DIÁRIO dava conta da ida de Miguel Albuquerque ao parlamento madeirense, onde defendeu o ferry durante todo o ano, mas suportado pela República. Nesta altura, ainda não tinha começado a campanha eleitoral para as eleições que se realizavam nesse mesmo ano.

Curiosamente, no Programa de Governo apresentado pelo CDS, em Agosto de 2019, a ligação ‘ferry’ durante todo o ano também era uma proposta. Curiosamente, este partido acabaria por formar governo com o PSD.

Aquando da tomada de posse, a 15 de Outubro de 2019, falando do caderno de encargos para o próximo mandato, ficava plasmado o compromisso de resolver questões consideradas estruturantes para a próxima governação e que dependiam do “relacionamento entre o Estado e a Região”. Neste campo entravam assuntos como os preços dos transportes aéreos, a ligação marítima entre a Madeira e o continente e a “solução” para as dívidas da Saúde.

“Vamos avançar, também, no que diz respeito à ligação marítima, com um estudo de mercado, no sentido de avaliarmos da possibilidade de ter essa linha”, referiu o responsável pelo executivo madeirense, explicando que é preciso saber se há companhias interessadas em investir no serviço de ‘ferry’ que assegure a ligação entre a região e a cidade de Lisboa. As declarações surgiram em Novembro de 2019, no âmbito de uma reunião com António Costa

No entanto, em Dezembro de 2019, o presidente da Empresa de Navegação Madeirense, que havia garantido a ligação ferry nesses dois anos (2018/2019), dava conta, numa comissão especializada de Economia, na ALRAM, do prejuízo que a operação tinha representado, pelo que dizia ser difícil garantir a viabilidade económica da linha. Luís Miguel de Sousa acabou por rescindir o contrato de concessão da linha.