Madeira

Pedro Calado desafia sector privado a “dar melhores ordenados aos jovens”

Foto Miguel Espada/Aspress
Foto Miguel Espada/Aspress

O presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado, admitiu, esta manhã, no Fórum de Emprego que decorre na sala da Assembleia Municipal, que a Madeira, tal como o país, tem um problema demográfico pela frente, com o envelhecimento da população e escassez de recursos humanos para as necessidades do mercado laboral, pelo que uma das respostas deverá passar pelo aumento dos salários no sector privado.

“Temos que rever urgentemente como é que o país está organizado, como paga aos seus funcionários públicos e como pagam as empresas. Para isso será preciso coragem política”, declarou o autarca, que lembrou que a Região já fez parte desse caminho, ao aumentar em cerca de 300 euros o salário mínimo regional desde o ano 2015. “Nunca em tão pouco tempo cresceu tanto [o salário mínimo regional]. Quer o sector público, quer o privado têm de pagar mais”, referiu Calado, que assumiu que os 1.200/1.400 euros do salário médio “não dão para pagar” um apartamento T1 ou T2 aos preços praticados hoje na Madeira, pelo que “temos de fazer uma actualização salarial”.

Pedro Calado defendeu ainda uma revisão da legislação laboral, de modo a que os jovens casais tenham melhores condições para terem filhos. Neste capítulo, apontou como exemplo negativo os turnos repartidos no sector de hotelaria, que fazem com que as pessoas estejam presas ao trabalho de manhã à noite. “O turismo nunca teve tantas receitas como teve este ano, como teve no ano passado. O RevPAR [rendimento por quarto] aumentou e muito. Já sei que os hotéis pagam acima da média. Mas temos que olhar para a legislação laboral e permitir que as pessoas trabalhem por turnos sem serem prejudicadas”, adiantou.

O presidente da autarquia funchalense temperou estas declarações de espírito algo sindical com uma proposta que o próprio assumiu ter um pendor “reacionário”: equiparar os funcionários públicos a funcionários privados e “quem trabalhar recebe, quem não trabalhar não recebe, vai para a rua".