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Moscovo sublinha "tentativas positivas para a paz" do papa Francisco

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A Rússia reconhece "as tentativas do Vaticano em intervir pelo fim do conflito na Ucrânia" e "o desejo sincero da Santa Sé de mediar o processo de paz", destacou hoje a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.

Maria Zakharova sublinhou, no entanto, que o Vaticano ainda não deu "passos concretos" para uma visita a Moscovo do enviado para a paz do papa Francisco, o cardeal Matteo Zuppi, após a visita desta semana a Kiev, noticiou a agência Tass News, citada pela Ansa.

Mateo Zuppi referiu hoje que terá de conversar com o papa Francisco sobre qualquer eventual visita a Moscovo.

"Devemos refletir sobre isso, devemos conversar sobre isso com o Santo Padre", sublinhou.

O presidente da Conferência Episcopal Italiana especificou ainda que não teve a oportunidade de falar com o sumo pontífice após o seu regresso de Kiev.

"Temos que conversar, refletir sobre as coisas que ouvimos e ver os próximos passos. É claro que temos que conversar sobre isso com o papa Francisco, esperando que ele melhore", destacou Zuppi sobre os possíveis novos próximos passos na sua missão.

O Vaticano manteve hoje em aberto a possibilidade de o enviado do papa Francisco para a guerra na Ucrânia se deslocar a Moscovo.

"Do lado do papa, a ideia nasceu precisamente como uma missão às duas capitais. Portanto, a perspetiva de ir a Moscovo deve permanecer em aberto, mas agora vamos concretizá-la", disse o secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin.

Em Kiev, o enviado papal teve vários encontros e ouviu o Presidente Volodymyr Zelensky reafirmar que não aceitará qualquer cessação de hostilidades que não inclua a retirada da Rússia do território ucraniano.

Entre outras medidas, Zelensky exige a retirada das forças russas de todo o território ucraniano, incluindo das regiões de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia, anexadas em setembro, e da Crimeia, ocupada desde 2014.

Em resposta, Moscovo disse que as autoridades de Kiev têm de se adaptar à nova realidade.

Sobre os contactos em Kiev, Parolin disse que "nada de novo aconteceu" em relação ao que Zelensky já tinha transmitido ao papa quando visitou a Cidade do Vaticano em maio.

"A posição da Ucrânia é sempre a mesma, mas falar uns com os outros e ouvir posições ou perspetivas ligeiramente diferentes pode certamente ser útil e promover a paz. Não sei que desenvolvimentos irão ocorrer", acrescentou.

A Ucrânia e a Rússia ainda participaram em conversações nos primeiros meses da guerra iniciada por Moscovo em 24 de fevereiro de 2022, mas sem sucesso.