Boa Noite

Orgulho e repúdio

Os ‘óscares’ das 24 horas de dilúvio vão para quem trabalha

Boa noite!

Agora que a demorada depressão ‘Óscar’ já lá vai, apesar de ter deixado um rasto de destruição, vários desalojados e recordes nos valores da precipitação, por sinal bem superiores às quantidades sentidas no fatídico 20 de Fevereiro, importa reter aspectos que dignificam todos quantos estiveram envolvidos nas operações que marcaram os dois últimos dias, bem como os pormenores que geram repúdio.

É de ter orgulho na previsão certeira feita pelo IPMA, desta vez com alguma antecedência, colocando a Madeira sob aviso vermelho. É um sinal do tempos gerador de confiança até porque, como se sabe, nem sempre foi assim. Num contexto em que os eventos extremos ditados pelas alterações climáticas serão cada vez mais frequentes é reconfortante saber que há quem olhe por nós a tempo e horas.

Mais do que destacar as 163 ocorrências, enaltecemos o meio milhar de operacionais  que nos concelhos mais atingidos foram resolvendo as consequências dos desabamentos de terras, das quedas de árvores e das inundações. Esta gente trabalha de forma determinada entre os que exibem os coletes reflectores. Por isso, merece respeito, nem sempre presente na hora de agradecer desempenhos e de incentivar o altruísmo.

Comprovadamente a Madeira aprendeu com as catástrofes passadas. Investiu na implementação de medidas de mitigação estruturais, com destaque para os açudes e a canalização das ribeiras do Funchal, implementou sistemas de monitorização dos caudais em tempo real, construiu taludes, reflorestou mas vertentes sobranceiras aos leitos das ribeiras, formou os diversos agentes de Protecção Civil. Na última década levou a sério o que durante anos tomou como reles inevitabilidade.

Mau grado o medo e o nervosismo, gerador de excessos de zelo, próprios de quem já passou por sustos e privações, os madeirenses revelaram maturidade na hora de recolher e de antecipar os piores cenários. A maioria demonstrou civismo,  cultura de segurança e observância das recomendações emanadas pelas entidades oficiais. Pena é que uns – e não foram só turistas -, ávidos de notoriedade, tenham brincado com a própria vida. Deveriam ser riscados de alguns palcos, zonas balneares, miradouros, trilhos e afins.

Uma vez mais a comunicação social com pacto com a verdade e prevenida para as manobras delinquentes dos que atraiçoam o propósito de informar foi aliada da prevenção. Não admira que quem não alinhou em delírios sociais e manipulações lamentáveis, optando sempre pelos factos certificados e devidamente documentados, tenha registado audiências nunca vistas. Tomara que a desinformação tenha sido levada de vez pelo ‘Óscar’.