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Sustentabilidade humana

A pensar sobre as dependências e os consumos problemáticos das substâncias psicoativas, e o que se tem e não tem feito na região, olhando para as óbvias consequências que afetam as pessoas, as famílias e a comunidade levantam-se dúvidas e questões.

Já abordei a história com princípio, meio, e fim, e é com estranheza que não reconheço vontade suficiente quer dos serviços públicos, quer do sistema político, em acelerar a reorganização dos serviços e tornar a resposta rápida e eficaz.

Não me caberá a mim explicar os motivos deste tempo de pausa, tão penalizador para todos, porque os envolvidos saberão as respostas e os motivos desta procrastinação, mas pela história, sinto o dever de insistir.

Conheço, pessoas com ideias e projetos. Conheço técnicos formados, preparados e “desesperados” para avançar. Sei de políticos, no ativo, que entendem a urgência e mostram vontade de recomeçar. A verdade é que os avanços são poucos e o caminho demasiado lento.

O que falta?

Não creio que a comunidade esteja pouco interessada em ver resolvido um problema tão grave, que afeta a qualidade de vida de muitas pessoas, famílias, e consequentemente os interesses da região, quer no dia a dia dos residentes, quer na imagem enquanto destino turístico.

A realidade do consumo problemático não passa despercebida aos olhos de quem visita a ilha e observa a realidade. O turismo é cada vez mais exigente na forma como capta a realidade dos lugares por onde passa. Cada vez mais os turistas querem viver fora dos hotéis, junto das comunidades, no contacto direto com a realidade.

Fica mal a uma região como a Região Autónoma da Madeira fazer de conta que um problema como este possa ir passando despercebido, no meio da beleza e de tantas qualidades que a ilha proporciona.

Quem aí vive e se debate com esta realidade precisa de ajuda, de um olhar seguro e maduro que não faça de conta que esse é um problema de alguns, que não afeta todos. Este erro que vem de longe e, que já foi assumido e enfrentado, regressou à história da cidade devagar, devagarinho, ganhando um lugar seguro na prática do consumo problemático, da delinquência e do crime.

Há um tempo para tudo, para ter sucesso, errar e refletir. Chegou o tempo de recomeçar um novo ciclo de sucesso. O presente ficará grato e o futuro só poderá sentir orgulho de quem mais uma vez tiver coragem de agarrar este desafio humanitário. As regiões que se querem evoluídas precisam de ser sustentáveis para o ambiente e para as pessoas. Só esta interação criará riqueza e felicidade.