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Portugal e Brasil vão ter ocasião na cimeira bilateral para esclarecer "pontos de vista"

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FOTO  ANTÓNIO COTRIM/LUSA

O presidente da Assembleia da República afirmou hoje que Portugal e o Brasil, que "têm relações extremamente próximas", terão ocasião na cimeira bilateral de sábado de "esclarecer mutuamente os pontos de vista" sobre vários assuntos.

Augusto Santos Silva falava aos jornalistas à margem da sexta edição do Congresso Literacia, Media e Cidadania, que arrancou hoje na Escola Superior de Comunicação Social do Instituto Politécnico de Lisboa, em Benfica, cujo mote escolhido pelo GILM - Grupo Informal sobre a Literacia para os Media é "Transição Digital e Políticas Públicas".

Instado a comentar as declarações do Presidente brasileiro, Lula da Silva, sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia, o presidente da Assembleia da República declinou fazer comentários, uma vez que já não é ministro dos Negócios Estrangeiros.

"É o Governo que conduz a política externa portuguesa", afirmou Augusto Santos Silva.

Portugal e o Brasil "têm relações extremamente próximas e têm uma cimeira bilateral amanhã já [sábado] e terão ocasião de esclarecer mutuamente os pontos de vistas sobre os mais diversos assuntos, isso é o que acontece nas cimeiras bilaterais", disse.

Além disso, prosseguiu, "a posição portuguesa é conhecida, e o que posso dizer como presidente do parlamento é que é uma posição apoiada, arrisco a dizer, por mais de 90% do parlamento português".

Ainda "há poucos dias votámos um voto de solidariedade com as vítimas dos massacres russos na Ucrânia que foi votado favoravelmente por todos os grupos parlamentares, menos um", rematou.

Lula da Silva chegou hoje a Lisboa para uma visita de Estado de cinco dias em Portugal, onde fechará pelo menos 13 acordos bilaterais na cimeira luso-brasileira, que deveria ser anual, mas que será a primeira em sete anos, no sábado.

O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva referiu que a solução pacífica para acabar com a guerra é a Ucrânia desistir dos seus territórios, considerando que as culpas têm de ser repartidas pelos dois lados.

As palavras do Presidente brasileiro, proferidas na presença do chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, foram de imediato criticadas pelo Ocidente, sobretudo pela União Europeia e pelos Estados Unidos, o que obrigou Lula da Silva a "emendar a mão" para salientar que condena a invasão russa da Ucrânia e defende a paz.

"Ao mesmo tempo em que o meu Governo condena a violação da integridade territorial da Ucrânia, defendemos uma solução política negociada. Falei da nossa preocupação com os efeitos da guerra, que extrapolam o continente europeu", disse, posteriormente, Lula da Silva.

A ofensiva militar lançada em 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.534 civis mortos e 14.370 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.