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ONU reitera apelos para que Israel pare colonatos na Cisjordânia

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A ONU reiterou hoje os apelos ao Governo de Israel para que "cesse imediatamente" o estabelecimento de colonatos na Cisjordânia ocupada, manifestando preocupação com o aumento da violência entre palestinianos e israelitas.

Numa reunião do Conselho de Segurança para abordar a situação na Palestina, o coordenador da ONU para o Processo de Paz no Médio Oriente, Tor Wennesland, apresentou o seu relatório referente ao período de 08 de dezembro de 2022 e 13 de março, observando que os colonatos, bem como as apreensões e demolições de estruturas de palestinianos, continuaram a ser levados a cabo, contrariando os apelos do Conselho.

De acordo com Wennesland, a resolução 2334 do Conselho de Segurança continua a não ser aplicada, com os vários apelos pelo fim da violência e dos colonatos a serem ignorados.

"A resolução 2334 do Conselho de Segurança pede medidas imediatas para prevenir todos os atos de violência contra civis, incluindo todos os atos de terror, bem como todos os atos de provocação e destruição. Infelizmente, a violência diária aumentou significativamente durante o período do relatório", indicou Wennesland, ressaltando o alto número de incidentes fatais.

Além disso, demolições e apreensões de estruturas de propriedade de palestinianos continuaram em toda a Cisjordânia ocupada, incluindo em Jerusalém Oriental.

"As autoridades israelitas, citando a falta de licenças de construção emitidas por Israel, que são quase impossíveis para os palestinianos obterem, demoliram, apreenderam ou forçaram as pessoas a demolir 331 estruturas. Essas ações deslocaram 388 pessoas, incluindo 89 mulheres e 197 crianças", denunciou o coordenador da ONU.

Compartilhando as observações do secretário-geral da ONU, Tor Wennesland disse estar profundamente preocupado com a contínua expansão dos colonatos israelitas, incluindo a recente autorização de nove postos avançados ilegais e o avanço dos planos de construção de mais de 7.000 unidades habitacionais em colonatos em toda a Cisjordânia.

"Os colonatos israelitas não têm validade legal e constituem uma violação flagrante do direito internacional e das resoluções das Nações Unidas. Apelo ao Governo de Israel para cessar todas as atividades de assentamento imediatamente, de acordo com suas obrigações sob o direito internacional", instou.

O coordenador acrescentou que a demolição e apreensão de estruturas palestinianas, incluindo o aumento significativo da ocupação de Jerusalém Oriental, acarreta numerosas violações dos direitos humanos e levanta preocupações sobre o risco de transferências forçadas.

"Estou profundamente perturbado com a intensificação do ciclo de violência que ameaça mergulhar palestinianos e israelitas numa crise mortal, enquanto desgasta ainda mais a esperança de uma solução política. (...) Reitero que os perpetradores devem ser responsabilizados e levados rapidamente à justiça. Não pode haver justificação para o terrorismo, nem a glorificação de tais atos", frisou.

O coordenador da ONU chamou ainda a atenção para o facto de crianças continuarem sendo mortas e feridas em grande número neste conflito.

Na reunião do Conselho de Segurança, vários diplomatas apelaram a ambas as partes para que cumpram os compromissos assumidos de desistir de ações unilaterais provocatórias e de procurar a desescalada do conflito antes do início do Ramadão, o mês sagrado islâmico, apesar de ter havido este domingo outro ato de violência na Cisjordânia ocupada.

O representante da Palestina junto da ONU, Riyad Mansour, também marcou presença na reunião, onde afirmou que o povo palestiniano continuará a resistir, "apesar de toda a dor e tragédia acumuladas".

"Seremos sempre o povo da Palestina. Temos vistos ataques aos nossos direitos mais fundamentais, mas vamos resistir. (...) Como é que justificam matar palestinianos nas ruas? Como justificam queimar as suas vilas e humilhar os seus idosos e crianças? Têm de desumanizá-los para justificar esses seus atos", disse Mansour referindo-se aos ataques israelitas.

"Temos de responder...e responder coletivamente. Estamos a ser irrazoavelmente razoáveis", acrescentou o diplomata palestiniano, pedindo o fim da ocupação.

Por outro lado, o embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, acusou a Palestina de distorcer a realidade e afirmou que Israel é, "sem dúvida, a mais vibrante democracia do Médio Oriente", país que está comprometido com o "respeito pelos direitos humanos".

"Os palestinianos não têm vergonha, distorcem todos os acontecimentos. (...) Estar aqui, a ouvir estar fabricações, não resolverá o conflito, apenas o perpetuará", disse Erdan, acusando ainda a Palestina de rejeitar todos os planos de paz propostos pelos israelitas.