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Degradação do estado social

Será o peso corporativo dos sindicatos ou serão os grandes lobbies financeiros que não estão satisfeitos com a maioria política em Portugal?

As Greves

Que me lembro nunca, como agora, se assistiu a tanta desestabilização. É a greve dos professores, é a greve dos enfermeiros, é a greve dos médicos, são as greves nos transportes públicos, é a greve dos trabalhadores da TAP e ainda a greve na hotelaria que até parece que o país voltou ao período pós revolução. Em artigo de opinião 25 de julho de 22 eu vaticinava que a maioria do Costa estaria a incomodar muita gente e passados sete meses parece que esse vaticínio foi certeiro e agora estamos com um país quase paralisado pelas greves. Será que tem algo a ver com o desmoronar da “geringonça”? Na Verdade, pese embora, o ordenado mínimo esteja mais alto as classes trabalhadoras ainda não estão satisfeitas. Será o peso corporativo dos sindicatos ou serão os grandes lobbies financeiros que não estão satisfeitos com a maioria política em Portugal?

A toda esta conjuntura junta-se a inflação devido à guerra da Ucrânia agravado com os juros para habitação que não permitem que os jovens adquirem casa própria. A propósito, porque será que os juros para empréstimos estão a subir em flecha e os juros das poupanças mantêm-se na mesma miséria? Tudo isto é muito estranho pois os países deveriam estar agora a melhorar a sua qualidade de vida devido à enorme injeção de capital do PRR (bazuca) e o que se vê são as coisas a piorar de dia para dia. A única certeza é que os lucros das grandes empresas estão a subir descontroladamente enquanto o poder de compra do povo está a descer acentuadamente. Por outro lado o salário mínimo ainda tem subido para combater a inflação, o pior é que o salário médio e o salário dos pensionistas continua praticamente na mesma sem terem em conta que o custo de vida é igual para todos.

Controlo sobre os grupos económicos

Chamem-me excêntrico, louco ou lunático mas aquilo que tenho afirmado e continuo a afirmar é que enquanto os Governos não tiverem controlo sobre os grandes grupos económicos o mundo continuará a piorar seja com maiorias governamentais, geringonças ou acordos de conveniência. Ainda me lembro quando os governos impunham uma margem de comercialização para os produtos de consumo, será que isso não seria uma maneira de controlar a inflação? Ou os lobbies não deixam? Não sei se esta minha teoria está longe ou perto de concretizar-se mas que esse controlo acontecerá, não tenho dúvidas. Podem escrever, ainda, que enquanto o Mundo estiver votado às condições de pobreza extrema, é uma utopia dizer que acabam com os consumidores de droga ou os sem abrigo, jamais isso acontecerá enquanto não houver controlo sobre a distribuição anormal de riqueza.

O Voto dos emigrantes

Permitem-me ainda uma opinião, que sei controversa, mas é preciso ter a coragem de falar nela. Os políticos desejam votos como pão para a boca e venham eles de onde vierem são bem vindos e por isso falam tanto no voto dos emigrantes, porém eu não concordo, e explico porquê. Segundo estatísticas, a África do Sul, tem cerca de 300 mil emigrantes madeirenses e a Venezuela tem cerca de 300 mil madeirenses e 500 mil luso-descendentes que nem fazem ideia do nosso modo de vida política e económica, enquanto a Madeira tem apenas 255 mil habitantes. Agora imaginem todos estes emigrantes a decidir, com o seu voto, sobre a vida, política e económica da comunidade madeirense. Seria estarmos condicionando o nosso modo de vida ao modo de vida deles.

O altar dos milhões

Todos sabemos as precárias condições económicas do nosso país, com pessoas necessitadas de habitação, serviço de saúde e condições económicas que não chegam para cobrir o custo de vida, no entanto gasta-se milhões num altar cuja utilização futura é no mínimo duvidosa. Então porque se esbanja tantos milhões em coisa supérfluas que nem estão orçamentadas? Onde vamos buscar o dinheiro, sabendo que os governos, as Câmaras municipais e as Juntas de Freguesia tem os seus orçamentos anuais e plurianuais delineados e aprovados no princípio de cada ano?

Só para meditação

Imaginemos que, com tantas carências existentes nos mais desfavorecidos e a depender da proteção do Estado no auxílio ao custo de vida, Deus nos livre se fossem os partidos da direita, PSD, Chega, CDS ou IL a governar o país! De onde viriam esses apoios para a população sabendo que eles são contra apoios sociais?