A Guerra Mundo

Putin denuncia entrega de armas ocidentais em conversa com líder turco

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O Presidente russo, Vladimir Putin, denunciou hoje o crescente fornecimento de armas ocidentais à Ucrânia numa conversa telefónica com o seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou o Kremlin (presidência russa).

Durante a conversa, Putin criticou os "patrocinadores ocidentais" da Ucrânia que "estão a aumentar as suas entregas de armas e equipamento militar" a Kiev, disse o Kremlin num comunicado citado pela agência francesa AFP.

A Rússia já tinha advertido hoje o Reino Unido de que os tanques Challenger 2 que Londres tenciona enviar para Kiev nas próximas semanas arderão na Ucrânia.

Kiev espera receber, na sexta-feira, mais promessas dos aliados ocidentais para o fornecimento de equipamento militar pesado numa reunião do Grupo de Contacto de Defesa da Ucrânia, a realizar na base aérea dos Estados Unidos em Ramstein, na Alemanha.

Na conversa com Erdogan, Putin criticou a Ucrânia por ter rejeitado uma trégua de 36 horas durante a recente celebração do Natal Ortodoxo, que considerou como "um exemplo da política hipócrita de Kiev", segundo o comunicado.

Erdogan "reiterou a disponibilidade da Turquia para facilitar e mediar uma paz a longo prazo entre a Rússia e a Ucrânia", de acordo com uma declaração da Presidência turca citada pela AFP.

Trata-se da segunda conversa telefónica entre Putin e Erdogan desde o início do ano, depois de terem falado em 05 de janeiro.

Erdogan, cujo país integra a NATO, tem mantido o diálogo com Putin, apesar do apoio da Turquia à Ucrânia na guerra que a Rússia desencadeou em 24 de fevereiro do ano passado.

Além de ter patrocinado negociações diretas entre os dois governos numa fase inicial do conflito, a Turquia desbloqueou um acordo, em julho, que permitiu retomar a exportações de cereais que estavam bloqueados nos portos da Ucrânia pela guerra.

O acordo, cujo prazo de vigência termina em 19 de fevereiro, foi um dos temas da conversa de hoje, segundo o Kremlin.

"A implementação do pacote de acordos de Istambul de 22 de julho de 2022 sobre a exportação de cereais ucranianos dos portos do Mar Negro e o desbloqueio dos fornecimentos de alimentos e fertilizantes da Rússia foi considerada", disse o serviço de imprensa da presidência russa.

"Por iniciativa do lado turco", os dois líderes também falaram sobre a troca de prisioneiros entre a Rússia e a Ucrânia, "principalmente os feridos, disse o Kremlin.

Putin e Erdogan confirmaram igualmente a intenção de "aprofundar o desenvolvimento abrangente da cooperação" entre os dois países.

A prioridade será para o setor energético, "incluindo o fornecimento de gás natural russo e a criação de um centro regional de gás na Turquia", disse Moscovo.

Foram ainda discutidas questões relacionadas com a normalização das relações entre a Turquia e a Síria, "inclusive no contexto da iniciativa de Ancara de lançar consultas com a participação de representantes russos, turcos e sírios".

Segundo o Kremlin, Putin e Erdogan "notaram o significado prático do trabalho conjunto da Rússia, Turquia e Irão" para promover o fim do conflito na Síria.

A guerra civil síria iniciou-se em 2011, opondo o regime do Presidente Bashar al-Assad, com apoio da Rússia e do Irão, a um governo interino apoiado pela Turquia, entre outros beligerantes, num conflito que provocou centenas de milhares de mortos.