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EUA querem maior presença no Pacífico para combater influência chinesa

Foto EPA/SHAWN THEW
Foto EPA/SHAWN THEW

A vice-Presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, garantiu hoje aos líderes das ilhas do Pacífico um maior envolvimento dos EUA na região, depois de reconhecer que Washington não tem prestado a atenção diplomática que esta merece.

A declaração de Harris, feita por videoconferência durante o Fórum das Ilhas do Pacífico, que começou na terça-feira em Suva, capital das ilhas Fiji, surge numa altura em que a China procura ter mais influência na região do Indo-Pacífico.

A vice-Presidente propôs novas embaixadas em Tonga e em Kiribati, um estado micronésio que se retirou esta semana do Fórum das Ilhas do Pacífico, que reúne 18 nações, num golpe para a harmonia regional.

Kamala sugeriu, além disso, solicitar ao Congresso norte-americano que triplique o financiamento à assistência pesqueira, para 60 milhões de dólares (59,78 milhões de euros) por ano, e a nomeação de um primeiro enviado dos EUA para o Fórum.

"Os Estados Unidos são uma nação orgulhosa do Pacífico e têm um compromisso duradouro com as ilhas do Pacífico, razão pela qual o Presidente, Joe Biden, e eu procuramos reforçar a nossa parceria", disse Harris.

"Reconhecemos que nos últimos anos as ilhas do Pacífico podem não ter recebido a atenção diplomática e o apoio que merecem. Portanto, hoje estou aqui para vos dizer diretamente que vamos mudar isso", acrescentou.

Os Estados Unidos e as nações mais abastadas do fórum, Austrália e Nova Zelândia, estão preocupados com um pacto de segurança assinado, este ano, entre a China e as Ilhas Salomão.

Os três países receiam que o acordo possa levar ao estabelecimento de uma base naval chinesa no Pacífico Sul, a menos de dois mil quilómetros da costa australiana.

O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, chegou hoje a Suva e planeia encontrar-se com o homólogo das Salomão, Manasseh Sogavare.

O Governo de Albanese foi eleito em maio com promessas de mais ação no capítulo das alterações climáticas e num apoio regional adicional de 525 milhões de dólares australianos (356 milhões de euros). As alterações climáticas são a maior preocupação do Fórum em matéria de segurança.

Camberra tem também implementado um pacto de segurança com as ilhas Salomão, sendo que polícia australiana enviou uma força de manutenção de paz para a capital, Honiara, desde que a violência eclodiu no país no final do ano passado.

O Governo de Albanese descreveu o pacto entre a China e as ilhas Salomão como o pior fracasso político da Austrália no Pacífico desde a Segunda Guerra Mundial.

"A minha mensagem será que a Austrália está de volta, de novo comprometida, com o Pacífico", referiu Albanese à emissora de televisão australiana ABC, antes de deixar Sydney.

"É uma nova era, uma nova era de cooperação e uma das minhas mensagens será que o (nosso) apoio ao Pacífico não vem com condições", acrescentou o dirigente, numa referência às condições colocadas pela China para a ajuda.

Tanto as ilhas Salomão como Kiribati reconheceram recentemente a existência do princípio "uma só China", optando por posicionar-se ao lado da China em vez de Taiwan, que Pequim considera parte inalienável do seu território.

A saída do Kiribati do Fórum está a ser interpretada como um aprofundamento da influência da China na região.